Economia

Classe C é menor no Distrito Federal do que no resto do país

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postado em 20/07/2008 13:31
Responsável por 27,3% do consumo urbano brasileiro, a classe C aparece como um forte público para as redes varejistas de todo o país, pois representa sozinha 45,8% da população brasileira. Com renda média de R$ 912, no caso da C2, e de R$ 1.444, da C1, esse grupo movimenta a economia nacional. Em Brasília, no entanto, apesar de forte, tem menos expressividade. Mais uma prova do alto padrão de renda da sociedade local. Na capital da República, 21,9% dos domicílios urbanos pertencem à classe C1 e 17,2%, à C2. No Brasil, o percentual é de 23% e 22,8%, respectivamente. Justamente a parte menos favorecida economicamente desse grupo é menor em Brasília. No grupo D, cuja renda média mensal é de R$ 608, a diferença é ainda mais aguda: 14,7%, na capital, contra 19,5%, no país. ;A renda per capita no Distrito Federal é muito alta. Além de ter muita gente no serviço público, há muitos aposentados que continuam trabalhando;, observa Roberto Piscitelli, professor da Universidade de Brasília (UnB). A existência de tantas pessoas com salários elevados na cidade aumenta os preços praticados na capital. Em uma ponta, os empresários reclamam dos aluguéis altos; na outra, os consumidores que não pertencem ao seleto grupo de servidores abonados lamentam os preços elevados. Mas a verdade é que há quem pague aos valores cobrados. E não é pouca gente. Aqueles que não têm condições de gastar o que é cobrado pelo comércio das quadras do Plano Piloto ou shopping centers criam suas estratégias. O importante, para muitos, é conseguir consumir. Alguns saem de Brasília e compram roupas em cidades próximas. Basta ir às quartas-feiras na Feira dos Goianos, em Taguatinga, para ver como a procura pelos preços mais modestos é crescente. A busca é mais forte nas classes C, D e E, mas por lá é possível ver até consumidores mais ricos ávidos por uma pechincha. A professora da fundação, Josina Alves, 60 anos, passa por lá vez ou outra. Na última quarta-feira, ela foi fazer compras com a filha e a irmã. Gastou R$ 450 em roupas de frio para as três. ;Não sou uma consumidora compulsiva. Compro de acordo com a necessidade;, diz. Para conseguir o que quer, procura sempre os locais mais baratos. As irmãs Cristiane e Elisângela Carvalho vão às compras ainda com mais freqüência que Josina. A cada 15 dias, elas escapam de casa e do trabalho, em Luziânia, para ir à Taguatinga. Acostumadas às feiras, as duas vão munidas de mochilas para facilitar a volta para casa. ;É melhor do que carregar sacolas de plástico;, afirma Elisângela, 29. ;Comprar faz bem para minha auto-estima, diz Cristiane, cabeleireira, 27 anos. Elisângela, atualmente desempregada, concorda. Ela confessa que está sempre comprando uma coisinha ou outra para ela e o filho. Gasta cerca de R$ 50 por mês com roupas, calçados e bijuterias. Cristiane vai além: desembolsa R$ 300 mensais com vestuário. Desejo O mesmo acontece com a dona-de-casa Kelly Aguiar, 24, que sai a cada três meses para adquirir roupas para ela, as duas filhas e o marido. ;Gasto R$ 1 mil a cada seis meses, mas apenas com o que preciso;, revela. A despesa poderia ser menor se os preços fossem mais leves. ;Em Brasília, as coisas são muito caras;, reclama. São muitas histórias com um desejo em comum: o de consumir. Essa vontade de boa parte dos brasileiros é que movimentará R$ 1,742 trilhão em 2008. Apesar de crescente, o consumo no país apresenta características novas este ano, avisa Marcos Pazzini, diretor da Target Marketing, responsável pelo estudo. Para atender esse grupo, adverte, o mercado precisará compreender a segmentação da classe C. A melhoria da renda dessa parcela da classe média mostra que muitas pessoas adotaram padrões de consumo da classe B. Outras, ainda com renda mais baixa, estão mais próximas das D e E. A proximidade de categorias de menor poder aquisitivo, no entanto, não aponta a inexistência de boas chances de realizar negócios rentáveis. De acordo com Pazzini, só o grupo C2 deve movimentar R$ 260 milhões este ano no Brasil, 15% do consumo nacional.

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