Economia

Negociação da Rodada Doha causa frustração a vários países

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postado em 24/07/2008 11:36
Vários países-membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) disseram nesta quinta-feira (24/07) que se sentem frustrados com a forma como se desenvolveram as negociações para salvar a Rodada Doha, pois consideram que elas não têm transparência e vontade de incluir todas as nações. Ministros de 30 países estão reunidos desde segunda-feira na sede da OMC, em Genebra, para tentar fechar um acordo nas conversas sobre a liberalização da agricultura e dos mercados industriais e salvar, assim, a Rodada Doha. Na reunião do Comitê de Negociações Comerciais - na qual o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, informa todas as manhãs aos 153 membros sobre o andamento das negociações -, vários países expressaram insatisfação por não terem sido convidados a participar desse processo. Este mal-estar foi manifestado tanto por países desenvolvidos, começando pela Suíça - o primeiro a levar o tema para a sala--, quanto por nações em desenvolvimento de várias regiões, como Indonésia, Argentina, Quênia, Turquia e ilhas Maurício. Esta semana de negociações tinha começado entre um grupo de 30 países que representavam todas as regiões geográficas e de interesses comerciais na OMC. Diante da falta de avanços sob esse formato, no entanto, Lamy decidiu restringir as conversas a seis países (Brasil, Austrália, China, Estados Unidos, Índia e Japão) e à União Européia (UE). O bloco europeu é considerado para materializar a possibilidade de um acordo, mas deixa de lado regiões inteiras como a África, a grande maioria da América Latina e países com modesto desenvolvimento industrial e que, por isso, desejariam manter uma certa proteção nessa área, como a Argentina. O discurso da ministra da Economia suíça, Doris Leuthard, refletiu o mal-estar de grande parte da sala. Dirigindo-se a Lamy, Leuthard declarou: "O senhor convocou os ministros para as negociações em Genebra. Pediu-nos para dedicarmos tempo e energia a este processo. Eu e muitos colegas atendemos à sua convocação, mas o senhor mudou o processo e decidiu trabalhar em um grupo muito pequeno, colocando muitos ministros na sala de espera." A ministra suíça considerou "inaceitável" a negociação de temas de interesse fundamental para certos países sem que estes estejam presentes na sala. Outras nações apoiaram as declarações de Leuthard, embora alguns tenham reconhecido que um entendimento nesse grupo restrito é uma condição necessária para conseguir um acordo entre os 153 países da OMC. Lamy respondeu dizendo que entendia a inquietação e garantiu que nenhuma decisão será tomada fora do fórum que reúne a totalidade de membros da OMC.

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