postado em 24/07/2008 13:27
O consumidor colocará o pé no freio na hora de fazer as compras para a próxima data do comércio este ano, o Dia dos Pais. No Distrito Federal, a alta nas vendas com relação a 2007 deve ficar em um patamar modesto, segundo estimativa da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) e do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista). As pessoas devem, ainda, ser cautelosas com os crediários na hora de comprar o presente paterno, prevêem as duas entidades. O motivo é que o brasiliense - como os brasileiros em geral - agirá sob os efeitos psicológicos da alta da inflação e do anúncio da elevação da taxa básica de juros, a Selic, para 13%, feito na noite desta quarta-feira pelo Banco Central. Geraldo Araújo, vice-presidente da CDL, diz que a entidade não trabalha com a possibilidade de queda no faturamento no Dia dos Pais com relação ao ano passado. ;Após o anúncio da alta da Selic, mantivemos a nossa expectativa de acréscimo das vendas na data, entre 4% e 6%;, afirma. Araújo acredita, entretanto, em um redimensionamento nos crediários. ;Creio que o consumidor, já endividado com compras feitas em outras datas e temoroso com a alta dos juros vai optar ou por compras à vista ou por parcelamentos curtos, de até quatro vezes no cartão no máximo;, avalia.
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Segundo Araújo, a média de gastos com presentes no Dia dos Pais deve ficar em R$ 80. Tradicionalmente, na data, os consumidores gastam mesmo menos do que no Dia das Mães, quando a média de preços dos presentes gira em torno de R$ 100 e R$ 110. ;Isso é característico de cada data, não tem relação com endividamento, temor da inflação. O Dia dos Pais não se compara ao Dia das Mães, segunda melhor data do comércio após o Natal;, explica.
O presidente do Sindivarejista, Antônio Augusto de Morais, como Geraldo Araújo não acredita em retração ou vendas estáveis no Dia dos Pais com relação ao ano passado. De acordo com ele, a entidade conta com uma alta de 5% nas vendas para a data. ;O poder de compra do consumidor continua melhor do que no ano passado, e os empregos em alta são motivo de otimismo;, diz. Morais também aposta, entretanto, que o consumidor estará receoso de se comprometer com parcelamentos mais longos. ;Acredito que as pessoas vão preferir crediário de curto e médio prazo;.
Psicológicos
De acordo com o economista Miguel Ribeiro, os efeitos tanto da inflação quanto da alta da taxa básica de juros sobre os consumidores brasileiros, são, por enquanto, psicológicos. ;O efeito prático ainda é muito pequeno, embora a Selic tenha subido 0,75 ponto percentual, acima do 0,5 ponto que era esperado. Mas só de ter escutado que subiu a pessoa muda o comportamento, assim como muda estando escutando desde o início do ano que a inflação está crescendo. No Dia das Mães já havia um certo temor, agora deve haver mais, mas, como renda e emprego estão em alta, isso não fará com que as pessoas deixem de comprar. Elas só agirão com mais cautela;, prevê.
Segundo o economista, a alta de juros anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC deve ser repassada ao consumidor em um prazo de 15 dias.
Simulação
Os efeitos da alta sobre as parcelas de eletrodomésticos, compras no cartão de crédito e afins serão de alguns centavos. Segundo simulação feita por Miguel Ribeiro, os juros do comércio, por exemplo, atualmente em 6,09% ao mês, devem ficar em 6,15% ao mês. Os juros do cartão de crédito, por sua vez, subirão de 10,4% para 10,46% ao mês. Os juros do cheque especial e do empréstimo pessoal em bancos passarão, respectivamente, de 7,75% para 7,81% ao mês e de 5,37% para 5,43% ao mês. A taxa de juros para os empréstimos pessoais em financeiras, mais pesadas, subirão de 11,26% para 11,32% mensais.