postado em 24/07/2008 14:48
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) segue em baixa no nesta quinta-feira (24/07), repercutindo o mau humor no mercado americano e a alta maior que a esperada para a taxa básica de juros local.
O Ibovespa, principal indicador da Bolsa paulista, aponta recuo de 1,98%, aos 58.244 pontos. O giro financeiro é de R$ 4,37 bilhões, com cerca de 163 mil negócios realizados. Já o dólar comercial opera no menor nível desde janeiro de 1999, vendido a R$ 1,577 - baixa de 0,44%.
Copom
O mercado local ainda repercute a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de aumentar em 0,75 ponto a taxa básica de juros, o que elevou a Selic de 12,25% para 13% ao ano. A decisão surpreendeu a maioria dos analistas do mercado financeiro, que esperavam um aumento de 0,5 ponto. Parte dos economistas, no entanto, já previa que o BC poderia acelerar o ritmo de alta dos juros para evitar uma disparada da inflação.
O principal argumento do BC para a alta é evitar que a inflação do atacado chegue ao consumidor final. Segundo a segunda prévia de julho do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), divulgada na segunda-feira, o índice acumula alta de 8,53% no ano e, nos últimos 12 meses, já subiu 15,15%. Um dos maiores efeitos da alta dos juros, especialmente quando sobe mais que o esperado, é a saída dos investidores do mercado acionário para migrar para a renda fixa - o que faz a Bolsa recuar, especialmente das "blue chips" (ações mais negociadas). Esse movimento, aliado ao pessimismo quanto à demanda externa, faz as ações da Petrobras, Vale e das siderúrgicas recuarem fortemente.
As ações da Vale recuam 2,55% (ordinárias) e 2,17% (preferenciais classe A), enquanto que as da Petrobras perdem 2,45% (preferenciais) e 2,21% (ordinárias). Por sua vez, os papéis das siderúrgicas CSN, Usiminas e Gerdau têm baixas entre 2,9% e 5%.
EUA
O ritmo da Bovespa segue alinhado ao de Wall Street, que cai devido ao resultado abaixo do esperado para as vendas americanas de casas usadas. O índice Dow Jones recua 1,36%, e o Nasdaq Composite tem baixa de 0,88%.
As vendas de casas já existentes nos EUA registraram uma queda de 2,6% em junho na comparação com maio. A expectativa dos analistas era de que as vendas fossem cair 1%. Na comparação com junho de 2007, houve uma queda de 15,5% --à época, a taxa anualizada foi de 5,75 milhões de unidades. O preço médio de um imóvel residencial nos EUA em junho caiu 6,1% na comparação com junho de 2007, ficando em US$ 215.100.
Os resultados corporativos também estão por trás desse mau humor. A Ford anunciou hoje que teve prejuízo de US$ 8,7 bilhões no segundo trimestre do ano. Até no resultado da montadora nota-se o estrago da atual crise creditícia americana, já que o braço financeiro dela apresentou perdas de US$ 2,1 bilhões.
O petróleo, que chegou a estar em queda até o início da tarde, agora avança e também serve para deixar o mercado acionário mais tenso em Wall Street. O barril de WTI para entrega em setembro negociado na Nymex (New York Mercantile Exchange) avança 0,36%, a US$ 124,89.