postado em 28/07/2008 08:48
A decisão do Banco Central de promover um aumento maior dos juros na semana passada deve afetar o crescimento da economia em 2009, mas terá pouco efeito sobre a inflação neste ano, segundo a pesquisa semanal do Banco Central conhecida como relatório Focus.
Na última quarta-feira (23/07), o BC aumentou os juros de 12,25% para 13% ao ano. Foi o maior aumento desde o início do governo Lula, numa tentativa de trazer a inflação de volta para o centro da meta no próximo ano.
Após a decisão, os economistas que participam da pesquisa do BC reduziram as expectativas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no próximo ano de 4% para 3,9%. Para 2008, foi mantida a previsão de 4,8%.
Não houve mudança nas apostas para a taxa Selic neste ano. Os economistas prevêem agora uma alta para 13,25% na reunião no início de setembro; para 13,75% em outubro; e para 14,25% em dezembro (o Copom se reúne a cada 45 dias aproximadamente). Como houve apenas dois dias de diferença entre a divulgação da decisão do Copom e o fechamento da pesquisa, é possível que nem todos os economistas tenham alterado suas previsões para os juros em cada mês, o que significa que o dado para setembro pode estar defasado.
Para o final de 2009, a estimativa para a taxa Selic subiu de 13,75% ao ano para 14% ao ano. Isso significa que os juros vão cair menos no próximo ano.
Inflação
Em relação à inflação, as previsões para 2008 subiram, apesar dos juros mais altos. Para 2009, houve queda apenas em alguns indicadores. O BC sempre estima que uma mudança nos juros pode demorar até seis meses para ter efeito sobre a economia, o que pode explicar essa defasagem.
A expectativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano, que serve como meta de inflação, subiu pela 18ª semana seguida.
O IPCA deve fechar o ano a 6,58%, acima dos 6,53% esperados até a semana passada. Se confirmado, o indicador ficaria acima do teto da meta de inflação para esse ano, que é de 6,50% (meta de 4,5% com dois pontos percentuais de tolerância para cima e para baixo).
A expectativa do mercado para o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) subiu de 12,03% para 12,18%; e o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) teve a previsão aumentada de 11,96% para 12,04%. A expectativa para o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômica) passou de 6,51% para 6,69%.
Para 2009, a previsão para o IPCA ficou em 5%, acima do centro da meta, mas ainda dentro da margem de tolerância. Para o IGP-M, se manteve em 5,5%. Houve mudança em relação ao IGP-DI, de 5,39% para 5,37%, e do IPC-Fipe, de 4,7% para 4,55%.
Outros indicadores
A estimativa para o dólar ficou estável em R$ 1,63 no final deste ano. Para dezembro de 2009, a previsão subiu de R$ 1,74 para R$ 1,75.
A estimativa para o saldo da balança comercial em 2008 subiu de US$ 22,67 bilhões para US$ 22,78 bilhões. Para 2009, foi mantida em US$ 15 bilhões. A expectativa para o saldo em conta corrente ficou estável em US$ 24 bilhões neste ano.
Subiram as expectativas de investimentos estrangeiros diretos para US$ 34 bilhões (2008). Para 2009, foi mantida a previsão de US$ 30 bilhões.
Também foi mantida a previsão para a relação dívida/PIB em 40,5% neste ano.