postado em 29/07/2008 10:28
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, pediu nesta terça-feira (29/07) que os demais sócios da Organização Mundial do Comércio (OMC) cessem as trocas de acusações e assumam riscos em nome de um acordo final para a Rodada Doha.
"Toda história tem dois lados e acho que não vale a pena dizer que a culpa é de um ou de outro. Isso não me interessa. O que me interessa é que, em uma situação como esta, é necessário fazer o que nós fizemos: assumir riscos", disse, ao chegar ao prédio da OMC, em Genebra, para o nono dia de negociações.
Segundo o chanceler, o Brasil assimiu riscos, "inclusive políticos", para contribuir com o êxito da Rodada. "Claro que os mais ricos têm que assumir mais riscos que os outros, mas todos têm que assumir riscos agora. Não haverá tempo para assumi-los depois", argumentou.
"Se isso (a Rodada) termina agora, francamente, não vejo como poderemos retomar dentro de dois ou três meses. Isso seria uma ilusão total", afirmou.
Depois de uma longa noite de discussões, na qual a Rodada esteve a ponto de fracassar, o ministro insistiu em que o processo "continua por um fio".
Uruguai e Paraguai
Amorim defende que o problema "não é apenas de acesso a mercados de países emergentes". "Há o outro lado também: os interesses ofensivos dos países agrícolas desenvolvidos." O ministro considera que as exigências de Paraguai e Uruguai, seus sócios no Mercosul, são "legitíssimas", mas insiste em que se trata de um processo multilateral no qual todos precisam ceder um pouco.
Ambos países afirmaram na segunda-feira que não aceitarão um acordo que inclua o chamado mecanismo de salvaguarda, que permite a países em desenvolvimento voltar a subir tarifas frente a um aumento excessivo nas importações.
Para Amorim o centro do problema - e de uma possível solução --é o enfrentamento entre Estados Unidos, de um lado, e China e Índia, do outro.
Se esses países entram em acordo, os demais se inclinariam a flexibilizar suas posições, ele acredita.
O chanceler volta a se reunir nesta terça-feira com os ministros dos outros seis participantes-chave nas negociações (Índia, China, Estados Unidos, União Européia, Japão e Austrália), desta vez para avaliar propostas alternativas elaboradas por um grupo de altos funcionários.