postado em 29/07/2008 17:38
A tendência de aumento nos custos com matéria-prima e a elevação recorde da capacidade instalada fizeram com os industriais projetassem aumento de preços nos próximos três meses.
Segundo a pesquisa Sondagem Conjuntural da Indústria de transformação da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgada nesta terça-feira, 45% das empresas consultadas afirmaram que pensam reajustar preço, 4% projetam reduzir e 51% pretendem manter os preços em julho, agosto e setembro.
A quantidade de empresas que avaliam aumentar os preços de seus produtos em julho é o maior desde janeiro de 2003, no mês de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante o período eleitoral, no ano anterior, existiam incertezas quanto ao rumo da economia com um governo de esquerda.
O coordenador técnico de sondagens da indústria doInstituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Jorge Braga, explicou que as empresas deverão repassar os aumentos de custos previstos para o mercado interno e externo.
De acordo com o levantamento, 48% dos empresários afirmaram que a tendência para os próximos três meses é que os custos com matéria-prima no mercado interno fiquem mais caro. No mercado externo, apesar da desvalorização do dólar frente ao real, 37% dos entrevistados esperam que os custos aumentem.
A pesquisa verificou que 49% e 58% dos entrevistados não prevêem aumento nos custos no mercado interno e externo, respectivamente.
Capacidade instalada
Colabora com a tendência de aumento de preços o alto índice de capacidade instalada na indústria verificado em julho. Segundo a FGV, o nível de utilização da capacidade de produção neste mês, considerando o ajuste sazonal - que engloba os meses de maio, junho e julho -, está em 85,8%, o maior da série histórica da pesquisa, que tem dados desde abril de 1995. Em julho de 2007, esse índice estava em 84,9%.
Segundo Braga, o levantamento divulgado hoje ainda não reflete o último aumento de juros básico promovido na semana passada pelo Banco Central, atingindo 13% ao ano.
"Porque as empresas responderam os dados antes do dia 23 (quando o BC subiu em 0,75 ponto a Selic)", informou. Mesmo assim, os empresários já haviam sido influenciados por dois aumentos da Selic, que foram feitos em abril e junho, disse Braga.
O levantamento da FGV constatou que a grande maioria dos empresários da indústria não coloca os juros como empecilho para aumentar a produção. Apenas 1% das 1.042 empresas respondeu que a taxa de juros limita a expansão, enquanto 62% afirmaram que poderiam expandir sem dificuldades.
Esse dado é corroborado pela perspectiva da indústria que a demanda no mercado interno e externo vai continuar aquecida pelos próximos seis meses.