Economia

Petróleo volta a US$ 118 com expectativa de queda no consumo nos EUA

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postado em 05/08/2008 10:58
O preço do petróleo opera abaixo dos US$ 120 nesta terça-feira (05/08), voltando a níveis vistos pela última vez em maio (o barril chegou hoje a US$ 118) depois de uma série de recordes que culminaram na marca de US$ 147,27 no dia 11 de julho. A preocupação sobre a situação dos gastos do consumidor nos EUA alimenta a expectativa de que a demanda venha a cair, derrubando o preço da commodity. Às 10h32 (em Brasília), o barril do petróleo cru para entrega em setembro, negociado na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, na sigla em inglês), estava cotado a US$ 119,82 (baixa de 1,31%), tendo chegado mais cedo a US$ 118. Até o horário, o preço máximo atingido pelo barril era de US$ 121,12. Em Londres, na ICE Futures (Bolsa Intercontinental de Futuros, na sigla em inglês), o barril do petróleo Brent para setembro chegou a ser cotado a US$ 118,83. Nesta segunda-feira, o Departamento do Comércio dos EUA informou que os gastos dos consumidores americanos em junho tiveram queda de 0,2%, quando descontado o efeito da inflação. Considerando a inflação, os gastos cresceram 0,6%. O dado que considera a inflação, no entanto, reflete a alta dos preços de itens como combustíveis --o galão (3,785 litros) de gasolina chegou a US$ 4,1 no país. Com a inflação, os gastos mostram desembolsos maiores para pagar pelos mesmos produtos, e não aquisição de mais bens. O dado foi visto como mais um sinal da desaceleração econômica nos EUA. A economia do país cresceu 1,9% no segundo trimestre, mas, além de ter ficado abaixo das previsões (de cerca de 2%), os índices dos três trimestres anteriores foram revisados para baixo. Mesmo com os cheques recebidos pelos consumidores, dentro do pacote de estímulo à economia aprovado pelo presidente George W. Bush em fevereiro, de US$ 168 bilhões, a economia não atingiu níveis satisfatórios de crescimento. "Boa parte dos cheques do programa de estímulo do governo acabaram em poupanças em maio e junho, devido aos temores dos americanos quanto às condições do mercado de trabalho, à alta da gasolina e à queda nos valores dos imóveis residenciais no país", disse ao diário britânico "Financial Times" o economista Brian Bethune, da Global Insight. Apesar do crescimento lento da economia, a inflação vem subindo: o índice de preços atrelado à leitura dos gastos dos consumidores mostrou alta de 0,8% em junho, maior índice desde fevereiro de 1981, quando houve alta de 1%. Também ajuda a aliviar a pressão sobre as cotações do petróleo as notícias de que a tempestade tropical Edouard não deve afetar as instalações petrolíferas da região do golfo do México. A tempestade atingiu o Estado do Texas, mas deve perder força ao longo do dia. Programa nuclear iraniano O Irã anunciou hoje que respondeu por escrito a oferta apresentada pelos países membros do Grupo dos Seis --cinco membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas mais a Alemanha-- para que paralise seu polêmico programa de enriquecimento de urânio em troca do fim de novas sanções internacionais. Segundo a rede de televisão iraniana Al Alam, que cita a agência Fars, a resposta foi enviada aos responsáveis da União Européia, em Bruxelas. A Al Alam não especificou, contudo, o conteúdo da resposta ou qualquer outro detalhe sobre o texto. O responsável pela diplomacia da União Européia, Javier Solana, disse que analisará o documento entregue pelo governo iraniano, mas ressaltou que as conversar com o país não são "conclusivas" e que ainda espera que o Irã paralise seu programa nuclear --que, segundo a comunidade internacional, serve para a construção de armas. O Irã e representantes de EUA, Rússia, França, Reino Unido, China e Alemanha conversaram nesta segunda-feira por telefone na tentativa de resolver o impasse sobre o programa nuclear iraniano, que Teerã se recusa a suspender. Na conversa, o governo americano disse esperar para hoje uma resposta por escrito de Teerã, alertando que mais sanções serão impostas a menos que a resposta seja "positiva". Os países ocidentais acusam o Irã de querer desenvolver armas nucleares sob o pretexto de um projeto civil para a geração de energia elétrica. Teerã nega as acusações e afirma que seu programa de enriquecimento de urânio tem exclusivamente a finalidade de gerar eletricidade. As tensões sobre a questão, no entanto, diminuíram o suficiente para abrir espaço para uma queda do petróleo.

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