Economia

Fiesp vai propor medidas para solucionar valorização do real frente ao dólar

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postado em 08/08/2008 21:31
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) vai propor ao governo três medidas para a valorização do real frente ao dólar. A informação foi dada nesta sexta-feira (8/08) pelo diretor-geral do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da entidade, Roberto Giannetti da Fonseca, em entrevista coletiva concedida na sede da Fiesp, em São Paulo. Estudos da federação apresentados por Giannetti apontam que o real foi a moeda que mais se valorizou em relação ao dólar nos últimos cinco anos: 46%, de agosto de 2003 a agosto de 2008, contra 22,7% da média mundial. A lira turca, por exemplo, teve valorização de 12% no mesmo período; já o yuan, da China, valorizou-se 17%. Segundo Giannetti, esse comportamento tem reduzido a competitividade da indústria nacional no exterior e o saldo da balança comercial brasileira, além causar um desequilíbrio das contas externas do país. Se nada for feito, na opinião dele, a economia brasileira entrará em um colapso semelhante aos ocorridos em anos anteriores. ;Essa situação não é suportável;, disse Giannetti. ;Temos que fazer algo ou então, em dois anos, vamos ver o mesmo filme de 1986, 1989, 2002 e 2004.; De acordo com a Fiesp, o ideal é o dólar valesse o equivalente a R$ 2,10. Para Giannetti, medidas que aumentem a demanda pela moeda norte-americana no Brasil fariam com que este patamar fosse alcançado em período de seis meses a um ano. ;Restringir a entrada de dólar não é o caminho adequado. Temos que gerar mais demanda de real para dólar.; Ele disse que uma das medidas que serão propostas é a criação de uma nova linha de financiamento para empresas exportadoras. Atualmente, essas empresas utilizam o chamado Adiantamento de Contrato de Câmbio (ACC) para financiar sua produção. No ACC, os financiadores captam recursos no exterior, em dólar, para emprestar as empresas brasileiras. Isso aumenta a quantidade da moeda, reduzindo seu valor aqui. A idéia da Fiesp é que o governo crie ou incentive a criação de uma espécie de ACC onde os financiadores emprestem os recursos, com a mesma taxa de juros, porém captados de fundos em real. Assim, não precisariam trazer mais dólares ao país. A segunda proposta da Fiesp é a permissão para a abertura de contas bancárias em dólar no Brasil. A possibilidade valeria somente para empresas Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e evitaria que essas companhias vendessem todo o dólar recebido para que pudessem aplicar seu capital em um banco nacional. Isso colaboraria também para que menos dólares circulassem no mercado nacional. A terceira medida é a simplificação do regulamento que trata da dispensa de cobertura cambial. Essa dispensa permite que empresas que realizam transações no exterior mantenham o dólar fora do país para facilitar suas transações. Contudo, o regulamento para que isso seja feito é tão complicado, disse Giannetti, que, em alguns casos, compensa mais a companhia trazer os dólares para o Brasil e arcar com as despesas do que manter uma equipe de funcionários somente para resolver os tramites burocráticos exigidos para manter o dinheiro fora do país.Segundo ele, se o regulamento fosse simplificado, menos dólares entrariam no Brasil e o valor do real tenderia a aumentar. De acordo com Giannetti, reuniões de dirigentes da Fiesp com representantes do Ministério da Fazenda e do Banco Central devem ocorrer dentro de duas semanas para a discussão das propostas.

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