postado em 12/08/2008 09:22
Nova Déli - A Rodada Doha de comércio multilateral pode ser concluída ainda este ano, até o fim de dezembro, apesar do colapso das discussões na mais recente etapa de negociações, em Genebra, no mês passado, afirmou nesta terça-feira (12/08) em um seminário o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy.
"A boa notícia é que ainda há a possibilidade de avançarmos com a Rodada e concluir as negociações este ano. Todos os países membros da OMC concordaram com isso no ano passado", disse Lamy.
Ecoando o otimismo do diretor da OMC, o ministro do Comércio e da Indústria da Índia, Kamal Nath, afirmou, no mesmo seminário, que o país quer retomar as discussões e completar a Rodada. "As discussões em Genebra não foram um fracasso, e sim uma pausa. Esperamos que as discussões avancem", disse Nath.
As discussões do mês passado foram encerradas depois que os Estados Unidos não concordaram com a China e a Índia sobre o direito de impor tarifas emergenciais sobre produtos agrícolas para proteger produtores chineses e indianos de aumentos repentinos nas importações.
Segundo o ministro indiano, as discussões devem focar na proteção dos produtores. Para analistas, isso representa um grande desafio para as negociações. "A Índia está comprometida com o sistema multilateral de comércio, mas esta é uma rodada de desenvolvimento, e os países desenvolvidos não deveriam vir para a mesa (de negociações) preocupados com o que podem conseguir, e sim com o que podem oferecer", afirmou Nath.
Lamy pareceu concordar, afirmando que os "subsídios dos EUA que distorcem o comércio" devem ser limitados para US$ 14,2 bilhões. "Os países em desenvolvimento precisam ter salvaguardas para se protegerem de elevações repentinas nas importações. Se essa questão não for concluída, os EUA poderiam gastar muito mais em subsídios que distorcem o comércio. Os subsídios poderiam alcançar US$ 48,5 bilhões."
Para muitos analistas, há pouca chance de sucesso para a Rodada Doha até pelo menos 2012, devido em grande parte a considerações políticas domésticas. "Muitos países, incluindo EUA e Índia, terão eleições nos próximos 12 meses. Isso dificulta os acordos sobre compromissos relacionados a questões que envolvem políticas, como é o caso da agricultura", afirmou o analista independente Devinder Sharma.