Economia

Investimento estrangeiro cresce 225% em 6 anos e melhora contas externas

;

postado em 12/08/2008 10:44
O aumento dos investimentos estrangeiros no setor produtivo e no mercado de ações estão entre os principais responsáveis pela redução da vulnerabilidade externa do Brasil. Segundo um relatório especial do Banco Central sobre "Evolução de Sustentabilidade Externa", os investimentos estrangeiros diretos (no setor produtivo) cresceram 225% de 2001 para 2007, de US$ 101 bilhões para US$ 328 bilhões. No mercado de ações, esse volume aumentou dez vezes e chegou a US$ 364 bilhões. Com esses resultados, os investimentos se tornaram um passivo maior que a dívida externa brasileira nesse período, que passou de US$ 210 bilhões para US$ 193 bilhões, uma queda de 8%. De acordo com o BC, essa mudança foi importante para reduzir a vulnerabilidade externa, já que o crescimento do país está sendo financiado hoje mais pelos investimentos do que por dívida externa. O BC destaca que investimentos são remunerados por remessas de lucros, ou seja, pelo bom desempenho da economia do país. Já os empréstimos com dívida exigem sempre pagamento de juros, independentemente de o país ter ou não dinheiro para isso. "O financiamento sob a forma de dívida externa se traduz em compromissos cuja data de exigência é definida, e seu custo está diretamente atrelado às taxas de juros internacionais", diz o BC. "Já o financiamento a partir de passivos como IED [investimento estrangeiro direto] e investimento em carteira, na modalidade ações, tem seu custo diretamente ligado ao desempenho da atividade doméstica e dos ciclos econômicos internos", acrescenta. Segundo o BC, o capital que entra no país como investimento direto "é uma alternativa saudável de financiamento e tem garantido ingressos líquidos superiores às remessas de lucros e dividendos". Ações Em relação às ações compradas na Bolsa por estrangeiros, segundo o BC, boa parte do crescimento deve-se à valorização dos papéis. Em valores nominais, e em moeda nacional, o Ibovespa subiu 467% entre o final de 2002 e o final de 2007, enquanto, em dólares, a variação alcançou 1.031%. "O valor em dólares do investimento em ações no país tende a subir em conjunturas favoráveis e cair em momentos menos favoráveis", diz o BC. 2008 O BC diz que essa mudança no perfil do dinheiro que o Brasil recebe do exterior para financiar seu crescimento será importante para as contas externas em um momento em que o país voltará a registrar déficit nessa área. Em 2008, o Brasil voltará a registrar déficit em suas transações correntes com o exterior, após inéditos cinco anos seguidos de superávits. As transações correntes incluem as transações comerciais e de rendas do país com o exterior. O déficit, que até 2002 era provocado pelo pagamento de juros da dívida, será produzido pelo aumento das remessas de lucros e dividendos das multinacionais instaladas no país. Além disso, os investimentos estrangeiros no setor produtivo e no mercado financeiro (que entram em uma conta separada das transações correntes) serão mais que suficientes para cobrir esse déficit. "Esses ingressos líquidos têm proporcionado a manutenção do superávit do mercado de câmbio e a continuidade da política de fortalecimento das reservas internacionais do país", diz o BC. Em 2008, o resultado em transações correntes acumulado nos 12 meses até junho registrou déficit de US$ 18,1 bilhões (1,32% do PIB). Em termos históricos, a média do saldo em transações correntes é um déficit de 1,75% do PIB, de 1947 a 2007. Dívida e reservas O BC destaca também a redução da dívida externa brasileira, que já representou 41,8% do PIB em 2002 e atualmente está em 15%. Descontado da dívida os ativos que o país possui no exterior, o Brasil era credor internacional ao equivalente a 1,5% do PIB em junho de 2008. Além disso, o aumento de cinco vezes nas reservas internacionais desde 2001 (de US$ 36 bilhões para US$ 180 bilhões) faz com que elas sejam mais que suficientes para garantir os pagamentos da dívida no curto e médio prazo. As reservas internacionais cobriam pouco mais da metade das amortizações da dívida vincendas em 12 meses em 1999. Atualmente, as reservas do BC representam 326,5% do serviço da dívida exigível no curto prazo. "Todas as comparações utilizando os indicadores de sustentabilidade externa apontam hoje para maior solidez das contas externas do país, na comparação com a década anterior", diz o BC.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação