Economia

Crise de alimentos agravará pobreza de 26 milhões na América Latina

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postado em 12/08/2008 18:15
Mais de 26 milhões de pessoas podem cair na extrema pobreza na América Latina caso não sejam tomadas medidas para atenuar os altos preços dos alimentos. O alerta foi feito hoje pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A extrema pobreza é definida como a sobrevivência com menos de US$ 1 por dia. Segundo um estudo da entidade, que analisou o impacto da crise em 19 países, as famílias de baixa renda podem chegar à extrema pobreza caso os altos preços de produtos agrícolas como o trigo, o arroz e a soja permaneçam altos, e os países não consigam aumentar sua produção. O BID também advertiu os países da América Latina e do Caribe que devem fortalecer seus programas sociais para aliviar o impacto destes altos preços entre os 71 milhões de pobres que há na região. Caso não façam isto a situação pode piorar em países como o Chile, onde a pobreza poderia aumentar do 12,3% do total da população para 17,2%, ou o México, onde poderia aumentar de 20,6% para 27,5%. Segundo o BID, as famílias pobres gastam a maior parte de sua renda em alimentos e não têm recursos suficientes para enfrentarem o custo crescente dos artigos de primeira necessidade. Por isto adverte que se outras opções não estiverem disponíveis o aumento dos preços pode obrigar as famílias a reduzirem a ingestão de alimentos. "Os avanços recentes em nutrição e educação podem se tornar um perigo se os preços dos alimentos permanecerem altos", declarou Suzanne Duryea, diretora do estudo. O preço mundial dos alimentos na região aumentou em média 68% entre janeiro de 2006 e março deste ano. O aumento foi especialmente agudo em alguns produtos básicos como o milho e o trigo, cujos preços duplicaram, informa o BID. Medidas Para enfrentar a crise, os governos estão tomando medidas que incluem o controle de preços, subsídios, restrições às exportações e distribuição de alimentos. Entretanto, segundo Duryea, essas políticas foram pouco efetivas em outras oportunidades, pois beneficiam as famílias que não necessitam delas e limitam os incentivos para aumentar o fornecimento de alimentos. A melhor política, segundo o BID, seria aumentar a transferência de dinheiro aos pobres para permitir que as famílias ajustem sua dieta aos preços relativos e não limitar a renda daqueles que fornecem alimentos aos mais necessitados. Além disso, "a longo prazo estas transferências oferecem os incentivos corretos aos produtores de alimentos para aumentarem sua produção", declarou. Segundo os cálculos da instituição, para cumprir este objetivo, o país que maior esforço teria que fazer seria Haiti, que necessitaria transferir para os pobres 12% de seu PIB (Produto Interno Bruto) para que possam manter os mesmos níveis de consumo anteriores à crise. O Peru necessitaria transferir 4,4% de seu PIB e a Nicarágua 3,7%. O restante dos países teria que destinar um valor próximo de 2% do PIB.

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