postado em 14/08/2008 18:33
A tradicional estatística de que as mulheres ganham menos do que os homens está cada vez mais invertida em setores tradicionalmente dominados por empregados do sexo masculino, como a construção civil e as indústrias da borracha e extrativa mineral.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, indicam que o salário inicial das mulheres supera em até 35% os vencimentos de admissão de trabalhadores em alguns setores. Há predominância feminina nos cargos que exigem os maiores salários, disse nesta quinta-feira o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
O levantamento mostra que os salários médios de admissão tiveram aumento real de 3,90% no primeiro semestre deste ano, na comparação com igual período em 2007. Os trabalhadores que entraram no mercado de trabalho de janeiro a junho ganhavam, em média, R$ 696,10, ante R$ 669,96 no primeiro semestre do ano passado. Na maior parte dos setores investigados, o salário inicial dos homens é superior ao das mulheres, com exceção de setores que vem contratando mais, como a indústria extrativa mineral (petróleo e gás, mineração) e construção civil. Nesses casos, explicou Lupi, as mulheres vêm ocupando os cargos que exigem maior nível de escolaridade, e conseqüentemente, pagam os melhores salários.
"Em alguns casos, há cinco vezes mais mulheres do que homens ocupando cargos de nível superior", destacou Lupi, que calcula que serão criados 2 milhões de empregos este ano. No primeiro semestre, foram registrados 1,350 milhão de novos postos de trabalho.
Na indústria extrativa mineral, o salário inicial médio é de R$ 1.401,63 para as mulheres, 35% acima do salário inicial médio dos homens, que não passa de R$ 1.039,76. No primeiro semestre do ano passado, essa diferença era menor. A mulher empregada no setor recebia salário de admissão médio de 1.005,92, ficando 16,4% acima dos R$ 863,82 que eram pagos aos homens recém-chegados ao mercado de trabalho no setor.
No setor de serviços industriais de utilidade pública (serviços de energia elétrica e de água), as mulheres receberam, em média, R$ 957,90 como salário inicial, 23,8% a mais do que os R$ 773,66 recebidos pelos homens. Na construção civil, as mulheres foram admitidas com salário médio inicial de R$ 887,09, superior 19,3% ao rendimento dos homens, de R$ 743,10. Na média de todo o Brasil, no entanto, os homens ganharam, em média, R$ 723,66 de salário inicial, 12,9% acima dos R$ 640,96 pago às mulheres. As maiores discrepâncias são observadas nos setores de serviços de créditos, seguros e capitalização (bancos e seguradoras) e da indústria de material elétrico e de comunicações.
O salário médio inicial pago aos homens nos bancos chega a R$ 1.907,08, acima 38,6% dos R$ 1.374,97 que as mulheres do setor recebem. Na indústria de material elétrico e de comunicações, os homens receberam R$ 1.002,16 médios, 31,9% superior aos R$ 759,23 médios pago às mulheres.
Os maiores salários médios iniciais foram verificados em São Paulo, cuja média chegou a R$ 818,09 no primeiro semestre, seguido pelo Rio de Janeiro, com R$ 792,60. Entre os setores, a maior média foi entre os serviços de instituições de crédito e capitalização, com R$ 1.638,45, e as indústrias extrativa mineral, R$ 1.076,89, e de material de transporte, atingindo R$ 1.065,92.