postado em 20/08/2008 09:35
O Brasil entra na fase de contração do ciclo econômico, com uma piora nas expectativas, apesar de a situação atual ser considerada satisfatória, segundo a pesquisa "Sondagem Econômica da América Latina" divulgada nesta quarta-feira (20/08) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), em parceria com o instituto alemão de pesquisas Ifo.
No caso das expectativas, diz a pesquisa, houve uma queda acentuada, com o IE (Índice de Expectativas) ficando em 3,8 pontos; no trimestre imediatamente anterior, o índice havia ficado em 5,1 pontos. Um resultado abaixo de 5 pontos indica que as condições econômicas para os próximos seis meses são consideradas ruins.
Já o ISA (Índice da Situação Atual) ficou em 7,2 pontos, contra 7,9 no trimestre imediatamente anterior. O ICE (Índice de Clima Econômico) do Brasil caiu de 6,5 pontos no trimestre até abril para 5,5 pontos no período até julho. A média dos quatro trimestres até o período de maio a julho ficou em 6,2 pontos, contra 6,6 na média do trimestre imediatamente anterior.
Para a América Latina, o ICE passou de 4,9 para 4,6 pontos entre abril e julho. O ISA passou de 5,8 para 5,7 pontos. "A piora do ICE está associada a uma clara deterioração no IE, que cai de 4 para 3,4 pontos", diz a pesquisa. "Esse resultado é exatamente o oposto do ocorrido entre janeiro e abril, quando a piora do ICE foi atribuída principalmente à queda do ISA acompanhada de uma relativa estabilidade do IE." Segundo o texto, a piora do ICE da América Latina acompanha a tendência mundial: o ICE mundial passou de 4,6 para 4,1 pontos entre abril e julho. Na América Latina, no entanto, "a combinação de um ISA satisfatório (acima de 5,0 pontos) com um IE ruim (abaixo de 5,0 pontos) indica que a região está em uma fase descendente do ciclo econômico". "No mundo, tanto o ISA (4,7 pontos) quanto o IE (3,5 pontos) apontam deterioração das condições. A economia mundial teria atingido a fase recessiva do cic lo econômico", diz o documento.
Bolívia, Peru e Equador tiveram alta em seus índices: o ICE do primeiro país passou de 3,8 para 4,5 pontos; o segundo, de 7,3 para 7,8; e o último, de 2,8 para 3,7 pontos. No Chile o índice caiu de 4,9 para 4,4 pontos. O Uruguai foi o país, depois do Brasil, que apresenta a maior queda no IE, de 9 para 7 pontos. O ICE do país vizinho ficou em 8 pontos, mesmo da leitura divulgada em abril.
Colômbia, Costa Rica e México estão em situação similar à brasileira na fase de contração no ciclo econômico. Argentina, Chile, Equador e Venezuela, com índices de situação atual e de expectativas abaixo de 5, pontos estariam na fase recessiva, destaca a pesquisa.