postado em 26/08/2008 17:06
A redução da taxa de inadimplência no cartão de crédito nos últimos dois anos, que atingiu 4,6% nos atrasos entre 15 e 90 dias, está em "patamar muito saudável", afirmou o diretor de marketing de cartões do Banco Itaú, Fernando Chacon.
Levantamento divulgado nesta terça-feira pela Itaucard mostra que a inadimplência nessa faixa de atraso estava em 7,6% em junho de 2006. A queda da inadimplência também foi verificada, de acordo com a Itaucard, nos atrasos acima de 90 dias, que passou de 10,1% em junho de 2006 para atuais 8,6%.
Porém, a redução da inadimplência poderia ter sido maior não fossem as turbulências causadas pela crise financeira internacional, principalmente nos Estados Unidos. Entre junho de 2007 e o mesmo mês deste ano, a redução foi da taxa foi de 0,7 ponto percentual para os atrasos entre 15 e 90 dias. Já nos atrasos acima de 90 dias, a queda foi de 0,4 ponto percentual.
"Ainda sim existe uma tendência de redução (da taxa de inadimplência)", afirmou Chacon.
Segundo o Itaú, a redução dos atrasos nos pagamentos poderia resultar na queda da taxa de juros cobrados nos cartões de crédito não fosse os recentes aumentos na taxa Selic, feitos pelo Banco Central. "Quando tem aumento na taxa Selic é bom que a taxa de inadimplência esteja em queda, pois, se não, teria aumentado (os juros) na mesma proporção", disse Chacon.
Endividamento
Apesar da pesquisa apontar a queda da inadimplência em dois anos, entidades de defesa do consumidor destacam que o maior acesso ao crédito contribui para o aumento do endividamento. Segundo pesquisa da Serasa, em julho de 2008, contra julho de 2007, o incremento da inadimplência geral foi de 11,6%. No acumulado dos sete meses, o crescimento foi de 6,9%. O ranking de representatividade da inadimplência dos consumidores foi liderado pelas dívidas com os bancos, que tiveram participação de 43,2% no indicador. Em seguida, com 32,2% de representatividade, estão as dívidas com cartões de crédito e financeiras.
Consumo em alta
A pesquisa mostra que a elevação da taxa Selic não reduziu o consumo através do cartão de crédito. "O volume de crédito não está sendo afetado pela Selic", afirmou. Segundo o levantamento, o total da carteira de crédito financiado pelos cartões atingiu R$ 57,9 bilhões em junho deste ano, representando uma alta de 42,4% sobre o mesmo mês de 2007 e 97,6% sobre o saldo verificado em junho de 2006.
Em julho deste ano, 48,4% dos gastos do cartão foram feitos no sistema rotativo --pagamento à vista--, 50,4% foram parcelados sem juros e 1,1% parcelado com juros, informa a pesquisa. Esses índices estavam em julho de 2006 em 51,7%, 46,6% e 1,7%, respectivamente. "Vivendo em condições mais favoráveis o brasileiro passou a parcelar suas compras com mais segurança, e isto reflete no crescimento do faturamento da indústria de cartões. O consumidor quase não faz mais compra com a opção de pagar juros", explicou Chacon.
Crescimento
A projeção da Itaucard é que o faturamento da indústria de cartão de crédito deve atingir R$ 139 bilhões ao fim deste mês. Nos oito primeiros meses deste ano, o resultado acumulado é 22,5% maior que o anotado no mesmo período de 2007. A expectativa do setor é que o faturamento com os meios eletrônicos de pagamento neste ano alcance R$ 223,5 bilhões, alta de 21,4% sobre o ano passado.