Economia

Mesmo com juros e crise externa expectativa da indústria bate recorde, mostra FGV

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postado em 28/08/2008 16:30
O que antes era motivo para fazer tremer o industrial brasileiro, a taxa de juros subir e a economia mundial ruir, não parece fazer agora o mesmo efeito de antes, segundo os dados da Sondagem da Indústria da Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de agosto. As percepções dos empresários da indústria para emprego e produção nos próximos três meses e para a situação dos negócios em seis meses tiveram altas sobre julho, mesmo com o atual cenário de alta dos juros (o que teoricamente inibe o consumo da população e investimentos) e do enfraquecimento da economia mundial. "O índice de expectativas (que ficou em 121,2 pontos em agosto) é o mais alto da série histórica, com equilíbrio em patamar alto das três perguntas que o forma [produção prevista, emprego previsto e situação dos negócios em seis meses]", disse o coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo Jr. A produção prevista se elevou em quatro pontos de julho para agosto, atingindo 148 pontos. O emprego previsto passou de 128 para 129 pontos, e a situação dos negócios em seis meses ganhou cinco pontos (de 148 para 153). Por sua vez, a percepção da situação atual ficou estável nos 124 pontos. O que não é ruim, segundo Campelo. "Isso denota uma certa estabilidade em patamares altos. Está mantida a confiança", explica. "Alguns setores podem enfrentar dificuldades pontuais, mas a maioria (dos setores industriais) está forte." Capacidade instalada Campelo ressaltou ainda que um dos possíveis problemas que a atual boa fase da indústria poderia ter, o aparecimento de gargalos de produção devido à demanda excessiva, também está se dissipando. Apesar do Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) estar em patamares altos (passou de 86,1% em julho para 86,5% em agosto), a indústria não parece estar preocupada, já que os estoques estão mais equilibrados. Na pesquisa de agosto, o nível de estoques ficou em 99 pontos - 5% relataram estoques insuficientes e 6%, excessivos. "Alguns setores que estavam pressionados, como material de transporte, máquinas e equipamentos e siderurgia, deram uma arrefecida no nível de uso da capacidade em relação ao início do ano", disse Campelo. O único setor que o economista disse necessitar de maiores cuidados é o de material de construção, que chegou a 91,4% em agosto - o mais alto desde 1993.

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