postado em 29/08/2008 09:00
A economia brasileira seguirá apresentando crescimento expressivo nos próximos trimestres, podendo encerrar 2008 com uma marca superior a 5%, apesar do aumento da taxa básica de juros (Selic), do superávit primário (economia feita para pagamento de juros da dívida pública), do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da cobrança de compulsórios sobre operações de leasing. Essa é a análise de técnicos do Ministério da Fazenda.
A leitura deles é de que as medidas anunciadas para reduzir o consumo e dar maior efetividade ao aumento dos juros no combate à inflação contribuirão para desacelerar a economia, mas num ritmo menor do que o esperado. Perto das estimativas de mercado, os números do governo são bastante otimistas. O Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central com 100 economistas e analistas de mercado, por exemplo, projeta um crescimento de 4,8% para 2008 e 3,65% para o próximo ano.
Os técnicos do governo, no entanto, acreditam que a ampliação do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano deve se manter acima dos 5% em comparação com o mesmo período de 2007. A expectativa é de que venha um número ligeiramente inferior ao crescimento de 5,8%, registrado nos primeiros três meses deste ano. Existem, porém, ministros que já apostam em uma expansão de 6% no segundo trimestre. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o PIB do segundo trimestre no próximo mês.
Se o desempenho for favorável como esperam os técnicos, não será difícil crescer 5% este ano e a expectativa é de que parte dessa expansão deve ser carregada para 2009. Os técnicos do ministério da Fazenda trabalham com uma desaceleração da economia mundial em 2009. A expansão, segundo eles, seria de algo em torno de 2%. Mas, muitos analistas já apostam em números inferiores e até negativos. Para a equipe econômica, o quadro não será tão feio, pois os países asiáticos ainda darão forte contribuição para a expansão mundial. Apesar das exportações brasileiras diminuírem nesse cenário, o consumo do interno sustentará a economia local.
Controle dos gastos
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, compartilha do diagnóstico do Ministério da Fazenda de que o país pode registrar crescimento superior a 5% este ano. Segundo ele, a expansão econômica acima dos 5% por dois anos consecutivos já é mais que suficiente para garantir os 4,5% previstos no Orçamento de 2009. ;Acho que temos grandes chances de passar dos 5% neste ano. É bom lembrar que crescemos 5,4% em 2007 e podemos ultrapassar perfeitamente os 5% este ano. Portanto, 4,5% sobre essa base de dois anos de expansão representa um crescimento muito importante. Por isso, estamos muito otimistas;, explicou. Essa análise considera uma inflação convergindo para o centro da meta de 4,5% no próximo ano.
Bernardo aproveitou ainda para destacar que o país, apesar de todas as críticas da oposição e do mercado, está controlando seus gastos. Na quarta-feira, no entanto, o governo divulgou que suas despesas devem crescer 13,1% no próximo ano. As receitas, no entanto, devem subir 12,5%. ;Estamos fazendo um superávit primário que tem gente que acha exagerado. Nós precisamos saber o que queremos para o país;, destacou Bernardo.