postado em 29/08/2008 16:30
O preço do petróleo fechou em baixa nesta sexta-feira (29/08). A estabilidade vista no câmbio entre o dólar e o euro se equilibrou hoje com os temores dos investidores sobre o avanço da tempestade Gustav, o que fez com que o barril chegasse a um máximo de US$ 118 durante o dia, mas chegasse ao fim do pregão em baixa.
O barril do petróleo cru para entrega em outubro, negociado na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, na sigla em inglês), encerrou o dia cotado a US$ 115,46, em ligeira baixa de 0,11%. O máximo atingido pelo barril hoje foi US$ 118,76 e o mínimo, US$ 115.
"O dólar está forte, por isso estamos vendo os preços do petróleo de distanciando das altas", disse à agência de notícias Reuters o analista Tom Knight. "Lembre-se que em 2005 o mercado registrou queda acentuada antes da chegada do Katrina e depois, quando o furacão chegou, o mercado disparou de novo." O euro chegou ao fim do dia hoje no mercado europeu cotado a US$ 1,4722, mesmo valor do fechamento anterior. O BCE (Banco Central Europeu) fixou hoje o câmbio oficial do euro em US$ 1,4735. Em julho, o euro chegou a ser negociado a US$ 1,60. Com a moeda americana valorizada, o barril do petróleo (que é negociado em dólares) fica menos acessível a novos compradores.
Os Estados do litoral do golfo acompanham com preocupação o avanço de Gustav, pois a região foi devastada pelo furacão Katrina em 29 de agosto de 2005, que devastou a região com ventos de 209 km/h e causou graves inundações em Nova Orleans, em uma das maiores tragédias ocorridas nos EUA, na qual morreram 1.833 pessoas e houve perdas de aproximadamente US$ 80 bilhões, segundo um relatório do Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês).
Na próxima terça-feira (2/09), a tempestade Gustav deve atingir o Estado da Louisiana (sul dos Estados Unidos); o temor dos investidores é que o fenômeno afete as instalações petrolíferas no golfo do México e as refinarias na costa da Louisiana e do Texas. Quando atingir o golfo do México, o Gustav deverá se tornar um furacão de categoria três com ventos máximos sustentados entre 178 km/h e 209 km/h.
Alguns analistas, no entanto, destacaram que, embora as refinarias na costa sul dos EUA possam sofrer danos com um furacão, refinarias em outras partes do país podem compensar eventuais perdas de produção. "Digamos que algumas refinarias sofram grandes danos; existe a chance de que outras instalações possam compensar a falta", disse à Reuters o presidente da consultoria Ritterbusch & Associates, Jim Ritterbusch.
Opep
O ministro da Energia e do Petróleo da Venezuela, Rafael Ramírez, disse nesta sexta-feira que vai apoiar a manutenção da cota oficial de produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) na reunião regular do cartel, programada para o dia 9 de setembro.
Ele acrescentou que pode inclusive pedir um corte de produção se os preços da commodity continuarem em baixa. "Não há nenhum problema de abastecimento mundial. É preciso manter a produção. O que não se justifica é aumentar", disse Ramírez ao fim de uma reunião com a comissão de energia da Assembléia Nacional da Venezuela.
Em março a Opep decidiu manter sua cota oficial de produção em 29,67 milhões de barris diários. O preço do barril atingiu o recorde de US$ 147,27 em 11 de julho. Desde então, passou a cair, tendo recuado na semana passada para um mínimo de US$ 111,64.
Reserva estratégica
O Departamento de Energia dos EUA informou ontem que pode liberar petróleo da Reserva Estratégica de Petróleo (SPR, na sigla em inglês) se a tempestade tropical Gustav afetar o suprimento da commodity no país.
"A SPR é uma garantia crucial para oferecer uma camada a mais de proteção para o povo americano no caso de uma grave interrupção do fornecimento de petróleo", diz o comunicado do departamento. A reserva foi criada pelo Congresso americano nos anos 70 após o embargo árabe do petróleo, em 1973, e contem cerca de 700 milhões de barris, estocados em abrigos subterrâneos nos Estados de Texas e da Louisiana, no sul do país.
"O Departamento de Energia está monitorando atentamente a situação e está pronto para utilizar toda ferramenta disponível para garantir um suprimento contínuo e confiável de energia no caso de uma interrupção", informou o departamento em um comunicado.
A Royal Dutch Shell informou que retirou 300 de seus funcionários de plataformas no golfo do México; a BP (British Petroleum) também anunciou que vai retirar funcionários seus da região - que responde por cerca de um quarto da produção petrolífera americana.