Economia

Insumos para construção e agricultura elevam produção industrial

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postado em 02/09/2008 14:13
A produção de bens intermediários, especialmente de insumos para a construção civil e agricultura, e o maior número de dias úteis impulsionaram a alta da produção industrial em julho, que apresentou crescimento de 1% em relação a junho, 8,5% em relação a julho do ano passado, 6,6% no ano e 6,8% em 12 meses. Para o coordenador de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Silvio Sales, a indústria mostrou "resultados amplamente positivos" em julho, que "confirmam um momento de elevação de ritmo produtivo do setor". Segundo ele, a indústria vinha apresentando estabilidade até maio e, a partir de junho, voltou a mostrar sinais de aceleração, confirmados em julho apesar do aperto na política monetária a partir de abril. "Os efeitos dos juros chegariam antes no varejo e isso não apareceu ainda", afirmou. Ele observou que, na indústria, os juros afetariam primeiro as decisões de investimentos, e os robustos dados de bens de capital mostram que isso não ocorreu. De acordo com Sales, não há sinal de arrefecimento da demanda. Para reforçar essa tendência, ele argumentou que a produção industrial acumula, em junho e julho, alta de 3,9%, aumento não registrado em dois meses acumulados desde outubro de 2003. Segundo Sales, os bens intermediários lideraram a expansão da produção industrial, junto com bens de consumo duráveis e bens de capital - que já vinham na liderança. Os bens intermediários respondem por cerca de 60% da estrutura industrial e vinham apresentado resultados modestos mas, segundo Sales, houve a confirmação de um ganho de ritmo dessa categoria em julho, com expansão de 1,1% ante junho e de 7,5% ante julho do ano passado. Segundo ele, ainda que estejam muito vinculados às exportações, já que incluem commodities como minério de ferro, os intermediários estão sendo puxados especialmente pelo mercado interno, sobretudo no que diz respeito aos insumos para construção civil e agricultura. Na comparação com julho do ano passado, a alta na produção de bens intermediários foi gerada, principalmente, "pelos itens associados à metalurgia básica (10%), indústrias extrativas (8,6%), outros produtos químicos (7,8%) e minerais não-metálicos (10,5%). Nestes setores destacaram-se, respectivamente, os itens: produtos siderúrgicos, minérios de ferro, herbicidas, e cimento." De acordo com o IBGE, houve boa contribuição "vinda dos insumos para construção civil com crescimento de 14,4%, melhor resultado desde julho de 1996 (16,8%)." Já a produção de bens de consumo registraram queda de 0,3% em julho na comparação com junho, e aumento de 6,1% em relação a julho de 2007. No ano, houve alta de 4,8% e em 12 meses, de 5,2% Dentro dos bens de consumo, os duráveis registraram queda de 5,2% na produção em julho ante junho. Sales sublinhou que esse recuo na produção de bens de consumo duráveis está muito mais relacionada ao aumento das importações do que à diminuição da demanda por esses produtos. "No caso dos duráveis, é preciso olhar para o varejo, não há arrefecimento da demanda", disse. As importações de duráveis aumentaram, em valor (US$ FOB), 78% em julho ante igual mês do ano passado. Essa categoria, que reflete especialmente a fartura de crédito, continuou mostrando bons resultados na comparação com iguais períodos de ano anterior: 9,8% ante julho 2007; 13,3% no ano e também 13,3% em 12 meses. Os bens de consumo semi e não duráveis registraram estabilidade (0%) ante o mês anterior e alta de 5,0% ante julho do ano passado; 2,1% no ano e 2,8% em 12 meses. Atipicidades O efeito calendário favoreceu os dados da indústria de julho, mas terá um efeito negativo sobre os resultados de agosto do setor. Julho contou com dois dias úteis a mais do que junho e um dia útil a mais do que igual mês do ano passado. O mês de agosto de 2008 terá dois dias úteis a menos do que julho e também dois dias úteis a menos do que agosto do ano passado. Segundo Sales, a coordenação de indústria optou por não fazer nenhuma mudança no modelo de ajuste da pesquisa, apesar da forte influência do calendário nos resultados da indústria este ano, porque o modelo "não deve variar em função de atipicidades". O IBGE também reviu o resultado da produção industrial em junho na comparação com maio (de 2,7% para 2,9%), e também outras revisões na série com ajuste sazonal, nos resultados de maio ante abril (de -0,6% para -0,7%) e de abril ante março (0,4% para 0,2%). Foi revisado ainda o dado já apresentado da produção de junho de 2008 ante igual mês de 2007, de 6,6% para 6,4%. Atividades Das 27 atividades industriais pesquisadas pelo IBGE, 17 registraram aumento na produção em julho ante junho. Os destaques, em termos de influência na alta de 1,1% na indústria ante o mês anterior, foram outros produtos químicos (4,2%), edição e impressão (5,6%) e máquinas e equipamentos (2,0%). Os principais impactos negativos foram dados, nessa ordem, por material eletrônico e de comunicações (-7,6%), veículos automotores (-1,2%) e bebidas (-3,0%). Na comparação com julho de 2007, os principais impactos positivos para a expansão industrial de 8,5% foram dados por veículos automotores (17,3%), máquinas e equipamentos (12,6%) e metalurgia básica (10,0%). Os principais impactos negativos, nesse indicador, ficaram com madeira (-13,7%) e material elétrico e de comunicações (-3,2%).

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