postado em 05/09/2008 17:28
Próximo ao horário de fechamento, os investidores voltaram às compras e evitaram que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acumulasse seu sexto dia consecutivo de perdas. O pessimismo sobre as perspectivas de crescimento da Europa e Estados Unidos afetou os preços das commodities (matérias-primas) e derrubou as Bolsas de Valores ao redor do planeta, sem exceção do mercado brasileiro. A recuperação de hoje, no entanto, é pouca perto da "destruição" ocorrida nesta semana: um decréscimo de 6,72%.
O petróleo foi o exemplo mais eloquente do forte ajustes que as commodities sofreram numa semana turbulenta: a cotação do barril em Nova York (Nymex) passou de US$ 115,46 na sexta-feira passada - chegando a US$ 118 na cotação máxima desse dia - para US$ 106,23 na sessão de hoje, atingindo somente US$ 108,10 em sua oscilação máxima.
O Ibovespa, principal termômetro dos negócios da Bolsa paulista, valorizou 1,03% e atingiu os 51.939 pontos. O volume financeiro foi de R$ 4,89 bilhões. Neste ano, a Bovespa acumula baixa de 18,7%.
As Bolsas européias também não resistiram à quedas generalizadas nas commodities e concluíram os negócios em baixa. Em Londres, a Bolsa local perdeu 2,26%; em Paris, o mercado local retraiu 2,49%, enquanto em Frankfurt, as ações caíram 2,42%. Nos EUA, a Bolsa de Nova York, referência mundial para os investidores de ações, passou a maior parte do dia em baixa, mas conseguiu recuperar praticamente na última hora, subindo 0,29% no fechamento. "A exacerbada volatilidade nos mercados globais diante de novos sinais de desaceleração maior e mais generalizada da economia mundial (hoje foi o desemprego americano) precipitou, entre outros movimentos, um forte realinhamento de commodities e de moedas, incluindo aqui a abrupta pressão sobre o real", sintetizou o economista Fernando Montero, da corretora Convenção, em relatório sobre o mercado financeiro.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento do Trabalho dos EUA informou uma perda de 84 mil postos de trabalho, ante uma expectativa de somente 75 mil. A taxa de desemprego atingiu 6,1% em agosto, ante uma projeção de 5,7% entre economistas do mercado financeiro. A notícia se soma ao informe divulgado ontem pela consultoria de recursos humanos ADP Employer Services, que apontou a eliminação de 33 mil empregos em agosto, devido aos cortes efetuados no setor manufatureiro. No front doméstico, a inflação medida pelo IPCA, o índice oficial do regime de metas, teve variação de 0,28% em agosto, abaixo das projeções do mercado financeiro (em torno de 0,30%). Trata-se da menor taxa desde setembro de 2007 (0,18%), mais uma vez refletindo deflação nos preços dos alimentos.