Economia

Crescimento do PIB vem forte no trimestre

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postado em 07/09/2008 10:37
Os tambores já foram preparados pelo governo. Se as estimativas dos analistas estiverem corretas, na próxima quarta-feira, dia 10, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dará mais uma demonstração do forte ritmo de crescimento da economia brasileira. O Produto Interno Bruto (PIB) deve ter crescido entre 5,5% e 5,9% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, e entre 1% e 1,5% na comparação com os primeiros três meses de 2008. São números que, na visão do Ministério da Fazenda e de boa parte do mercado, vão garantir um avanço total do PIB anual de 5% e consolidar um novo patamar de crescimento do Brasil. Pelas contas do economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, a melhor notícia que o IBGE dará é que o crescimento foi puxado pelos investimentos produtivos. As apostas são de que a chamada Formação Bruta da Capital Fixo (FBCF) tenha aumentado entre 12,5% e 17%, reforçando a confiança do empresariado de que vale a pena ampliar as fábricas pois haverá consumidores suficientes mais à frente para absorver as mercadorias que serão colocadas no mercado. Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, os investimentos aumentaram 16,6% entre abril e junho, taxa que, se confirmada, será a maior da série histórica do IBGE. Os desembolsos, segundo ele, foram puxados pela construção civil, que, finalmente, começou a reagir. Na avaliação de Zeina Latif, economista-chefe do Banco ING, o consumo das famílias também fará a diferença no cálculo do PIB. Mesmo com a alta da inflação, que tirou um pouco da renda das famílias menos abastadas, e da elevação dos juros, iniciada em abril, o crescimento será forte, próximo de 5% na comparação do segundo trimestre com igual período de 2007. Roberto Padovani, economista-chefe do Banco WestLB, acredita em um número mais próximo de 6%, devido o crédito farto. Já Sérgio Vale crava expansão de 6,2%. A grande dúvida, do lado da demanda, está no consumo do governo, que se mostrou tão forte entre janeiro e março, suscitando o debate sobre os exageros nos gastos públicos. Para Flávio Serrano, economista-sênior do Banco BES Investimento, o resultado do PIB só não será melhor por causa do ;vazamento externo;. Ele é representado pelo crescimento maior das importações frente as exportações. Os cálculos dos analistas indicam que o ;desconto; no PIB será entre 2% e 2,5%. Mas que fique bem claro: as importações têm sido importantíssimas, pois o grosso delas representa máquinas e equipamentos, que, futuramente, vão permitir maior produção pelas indústrias, ajudando o Banco Central na difícil tarefa de equilibrar demanda e oferta, hoje a principal preocupação quando se fala de inflação e de alta da taxa de juros. Na opinião de Cristiano Souza, economista do Banco Real, o relevante é que o Brasil ampliou o potencial de crescimento, apoiado em sólidos alicerces como o câmbio flutuante, as metas de inflação e o superávit primário. ;Isso consolida a estabilização e dá maior previsibilidade à economia;, acrescenta. Ou seja, as empresas têm um horizonte longo e tranqüilo para investir e as pessoas físicas, segurança em relação ao emprego e à renda para consumir. ;São conquistas das quais não podemos abrir mão.; Ele admite, porém, que o Brasil está longe de registrar as médias anuais de crescimento que se viu nos anos 1960 e 1970, de 5,9% e de 8,6%, respectivamente. Mas está bem melhor do que nas chamadas décadas perdidas, os anos 1980 e 1990, quando o país patinou. Para Souza, mesmo que, em 2009, o PIB brasileiro cresça mais próximo dos 3%, por causa do aumento dos juros e dos efeitos da crise internacional, a robustez da economia veio para ficar.

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