Economia

BC se livra de prejuízo ao vender ações da Fannie Mae e Freddie Mac

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postado em 09/09/2008 08:57
O Banco Central brasileiro escapou por pouco de levar um tombo com títulos da Fannie Mae e da Freddie Mac, empresas que receberão um socorro de até US$ 200 bilhões para não quebrarem. Os papéis das duas empresas faziam parte das reservas internacionais do país, que somam US$ 205 bilhões, mas foram vendidos em julho do ano passado, um mês antes do estouro da bolha imobiliária. O BC não informou o valor das aplicações, mas assegurou que os investimentos foram baseados na excelente classificação de risco das companhias. Segundo as agências que fazem esse tipo de classificação, as duas empresas imobiliárias tinham risco quase zero de quebrarem. Caso não tivesse se desfeito desses títulos, o BC brasileiro estaria hoje com ;micos; nas reservas, papéis quase sem valor de mercado ; há um ano, as ações dessas companhias valiam entre US$ 50 e US$ 70; agora, estão cotadas a US$ 1. O dinheiro que estava nos títulos das duas empresas foi destinado à compra de papéis emitidos pelo Tesouro americano, que, apesar de pagarem taxas de juros mais baixas, estão sendo vistos neste momento de crise como verdadeiros portos seguros. Atualmente, informou o BC, quase 90% dos US$ 205 bilhões das reservas internacionais do Brasil estão em títulos dolarizados. Se o BC respira aliviado por ter se livrado dos papéis da Fannie Mae e da Freddie Mac enquanto eles ainda tinham valor, o governo como um todo comemorou o socorro que o Tesouro americano deu às duas empresas. Primeiro, pelo fato de a operação afastar, por enquanto, a possibilidade de uma quebradeira em cascata de bancos mundo afora. Segundo, por mostrar que não há como o mercado se sustentar sem a regulação do Estado. Na tese do governo, o derretimento dos sistemas financeiros e a ação enérgica do Tesouro americano puseram fim ao que se convencionou chamar de ;neoliberalismo; ou liberdade total dos mercados. Para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ;neoliberalismo; só valia, na verdade, para os países em desenvolvimento, como o Brasil. ;Não tenho dúvidas disso. No mundo capitalista desenvolvido, nunca houve neoliberalismo. Em momento algum os estados nacionais de países desenvolvidos foram enfraquecidos;, afirmou. No entender da ministra, quando tiveram de intervir para salvar instituições financeiras, os governos dos países ricos não se fizeram de rogados. Mas quando essas intervenções foram feitas por governos de países em desenvolvimento, as operações foram tratadas como estatizantes. ;O socorro é o enterro do neoliberalismo;, sentenciou a economista Maria da Conceição Tavares, defensora de um Estado regulador forte. ;A onda neoliberal, que durou 30 anos, acabou;, endossou o ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira. Na avaliação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o socorro de US$ 200 bilhões deve ser visto como ;pragmatismo responsável; por livrar os mercados financeiros do risco sistêmico. O ex-ministro Delfim Netto disse que a ajuda deverá acalmar os mercados, mas não garante que seja suficiente para resolver o rombo criado pelo estouro da bolha imobiliária americana, que pode passar de US$ 1 trilhão. Ouça entrevistas: palavra de especialistas Dilma Rousseff: Guido Mantega: Bresser-Pereira:

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