Economia

Ex-ministra Zélia diz que confisco da poupança era "necessário"

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postado em 09/09/2008 11:35
A ex-ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello afirmou nesta terça-feira (09/09) que as medidas tomadas durante a excussão do Plano Collor 1, entre elas o confisco da poupança e outros depósitos bancários, eram necessárias. "Naquele momento, tomamos a atitude que tinha de tomar. Havia um diagnóstico de que aquilo era o necessário a ser feito", disse a ex-ministra em evento de comemoração dos 200 anos do Ministério da Fazenda. A ex-ministra também disse que o plano econômico foi feito com bases em avaliações "pragmáticas e não ideológicas". Zélia afirmou que sua gestão ficou marcada pela questão do confisco, mas que essa medida fazia parte de uma série de outras ações para reduzir a inflação, então em 84% ao mês. Questionada por jornalistas, a ex-ministra afirmou que não é possível responder à pergunta sobre os motivos do fracasso do Plano Collor. Para ela, esse é um assunto que precisaria de mais estudos por parte dos economistas. Exageros Durante o evento, a ex-ministra ouviu aos depoimentos gravados de dois sucessores que criticaram o seu programa de estabilização. O ex-ministro Marcílio Marques Moreira, que sucedeu Zélia no cargo em 1991 e ficou até o impeachment do então presidente Fernando Collor, classificou algumas medidas como "exageradas". Afirmou também que o bloqueio de depósitos continha tantas exceções que, ao invés de acabar com a inflação, estimulou o aumento de preços. Classificou ainda como equivocado o Plano Collor 2, que decretou o congelamento de preços e salários. "Algumas medidas para combater a inflação às vezes são tão perniciosas quanto a própria inflação", disse o ex-ministro. FHC Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ex-ministro da Fazenda no governo Itamar Franco, fez duas críticas a todos os planos de estabilização anteriores ao Plano Real. Em primeiro lugar, afirmou que eram planos "feitos em gabinete", e que só chegavam ao conhecimento da sociedade por meio dos jornais. "O Plano Real foi feito respeitando-se a democracia", afirmou FHC em depoimento gravado, apresentado no mesmo seminário. Além disso, o Plano Real foi o único que não causou prejuízos ao Tesouro, devido a contestações de perdas na Justiça, como no caso dos Planos Bresser, Collor 1 e Collor 2. Em relação a esse último ponto, a ex-ministra Zélia respondeu: "Todos os planos tiveram problemas jurídicos. É um risco que se corria."

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