postado em 09/09/2008 17:57
Ajustes violentos nos preços das commodities levaram a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a sua pior queda desde o dia 19 de março deste ano. Neste ano, a Bolsa brasileira amarga perdas de 24,18%, sendo que, somente neste mês, o declínio de 13%.
O "termômetro" da Bolsa, o índice Ibovespa, retrocedeu 4,5% no fechamento e desceu para o nível dos 48.435 pontos, o mais baixo desde 16 de agosto de 2007. Nessa época, o mercado financeiro enfrentava o pior momento, até então, da crise dos créditos "subprimes", quando se avolumaram notícias sobre a difícil situação financeira de grandes empresas americanas ligadas ao setor de hipotecas. O giro financeiro foi de R$ 5,03 bilhões.
A ação preferencial da Petrobras, papel que sozinho movimentou R$ 778 milhões, despencou 6,31%, enquanto a ação ordinária retrocedeu 6,99%, num dia em que o barril do petróleo recuou para a casa dos US$ 103 pela primeira vez desde o início de abril deste ano.
Analistas de mercado apontam que a perspectiva de uma piora da economia global leva a oscilações bruscas nos preços das matérias-primas, basicamente por ação dos mesmos agentes financeiros que levaram esses ativos a preços históricos no primeiro semestre deste ano: os investidores globais conhecidos como "hedge funds".
"A demanda global deve arrefecer sobremaneira em 2009, principalmente quanto ao nível das commodities, fato que já se reflete nos preços atuais do minério de ferro, petróleo, soja, milho, trigo, entre outras commodities importantes", comenta a consultoria Austin Rating, em relatório sobre o mercado financeiro.
O mercado de câmbio também refletiu o nervosismo dos investidores: o preço da moeda americana atingiu R$ 1,772 (valor de venda), num aumento de 2,13%.
Na Europa, as ações do setor de mineração e de energia derrubaram as principais Bolsas de Valores do continente. Em Londres, o índice FTSE cedeu 0,56%, enquanto em Frankfurt, o Dax caiu 0,48%. Em Nova York, o Dow Jones amargou baixa de 2,43%. A economia americana continuou a fornecer notícias desanimadoras para os investidores. Hoje, a NAR (Associação Nacional dos Corretores de Imóveis, na sigla em inglês) revelou que o total de vendas pendentes de imóveis caiu 3,2% em julho, ante um forte incremento de 5,8% em junho (cifra revisada). Analistas do setor financeiro contavam com um declínio de, no máximo, 1,4%.
Front doméstico
No front doméstico, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o nível de emprego na indústria cresceu 0,7% em julho, a maior variação mensal desde maio de 2004. A Fundação Getulio Vargas (FGV) revelou que a inflação semanal, medida pelo IPC-S, subiu em cinco das sete capitais em que o índice é apurado no período até o último dia 7. O maior avanço foi o registrado em São Paulo (SP), onde os preços passaram de uma alta de 0,13% para uma de 0,26%.