postado em 12/09/2008 09:57
A forte alta de quinta-feira (11/09) não mudou muito o panorama negativo que ronda a Bovespa. Se a Bolsa de Valores de São Paulo conseguiu se manter como destaque ao menos até maio, quando alcançou sua máxima histórica, o que se tem visto desde então é uma equiparação ao mau desempenho do mercado acionário internacional.
A Bovespa registra hoje desvalorização anual de 19,75%. Em Nova York, onde também houve ganhos ontem, as quedas anuais estão em 14,86% na Bolsa eletrônica Nasdaq, e de 13,80% no índice Dow Jones. A Bolsa do México registra queda de 13,5% no ano. O Chile é um dos que aparecem com desempenho melhor, ao registrar baixa de 9,31% no ano.
Em 20 de maio, quando o índice Ibovespa fechou em sua máxima histórica, aos 73.516 pontos, a Bolsa registrava forte valorização anual de 15%, enquanto grande parte das Bolsas estava no vermelho no ano. O Ibovespa fechou ontem a 51.270 pontos, após chegar a encostar em 47 mil pontos no começo da semana. A pontuação da Bolsa oscila com o sobe-e-desce das ações. Assim, pontuação menor indica que as ações estão valendo menos.
A fuga de capital externo fez com que um ano no qual vários recordes - como os de pontuação e negociação - vinham sendo quebrados acabasse por se tornar bastante desanimador para o investidor pessoa física, que passou a entrar mais euforicamente na Bolsa de Valores no ano passado.
"O nível em torno de 50 mil pontos é baixo para a Bovespa. Mas não temos comprador externo. Nos últimos meses, os estrangeiros preferiram embolsar lucros que ainda tinham, o que puniu a Bovespa. A grande variável [para a Bolsa brasileira] é o dinheiro externo. E, enquanto a crise não der uma amenizada, o capital externo não volta", diz Carlos Daniel Coradi, diretor-presidente da EFC (Engenheiros Financeiros & Consultores).
Com as perdas que sofre no ano agora, a Bovespa passou a ter queda próxima às acumuladas pelas maiores Bolsas de Valores européias. Em Frankfurt, a Bolsa marca perda anual de 23,42%. Em Paris, a queda acumulada no período alcança os 24,31%.
Uma Bolsa que tem sofrido mais que a brasileira com a queda das commodities e a fuga de capital externo é a da Rússia, que sofre com perdas de 43,17% em 2008. A Rússia é um país fortemente dependente dos preços do petróleo.
O saldo dos estrangeiros na Bovespa está negativo em mais de R$ 17 bilhões em 2008, sendo esse, de longe, o pior resultado já registrado em um ano. Em outras palavras, nunca a diferença entre ações vendidas e compradas com capital externo no mercado acionário doméstico foi tão grande.
Neste mês, até o dia 9, R$ 770 milhões deixaram o mercado acionário local. Este é o quarto mês seguido de fuga de capital. "A Bovespa está longe de uma recuperação mais forte. Dependemos muito dos estrangeiros e os mercados internacionais vão ter de melhorar bem lá fora, para podermos ter uma recuperação no fluxo para cá", diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora. Desde 2002 a Bovespa não encerra um ano no vermelho.