postado em 15/09/2008 14:10
O anúncio da quebra do banco americano Lehman Brothers, o mais recente desdobramento da crise dos créditos "subprime", derruba as principais Bolsas de Valores mundiais e arrasta a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) nesta segunda-feira (15/09). A taxa de câmbio sobe com força enquanto o risco-país dispara e se aproxima dos 300 pontos.
Apesar da falta de impacto significativo das operações do Lehman no Brasil, o mercado doméstico sofre pelo aumento generalizado da aversão ao risco pelo investidor. No cenário atual, a recomendação de grandes corretoras e gestores globais de investimentos é a venda de ativos financeiros ligados a commodities (matérias-primas) e ações de economias emergentes, como o Brasil.
O termômetro da Bolsa, o índice Ibovespa, desvaloriza 4,84% e desce para os 49.855 pontos. O giro financeiro é de R$ 3,55 bilhões, bastante alto para o horário. As ações mais negociadas da Bovespa, Vale do Rio Doce e Petrobras, amargam perdas de 4,58% e 6,15%, respectivamente.
O dólar comercial é negociado a R$ 1,808 na venda, num acréscimo de 1,51% sobre a cotação de sexta-feira (12/09). A taxa de risco-país marca 298 pontos, num salto de 12,45% sobre a pontuação anterior.
Na Europa, as principais Bolsas de Valores registraram fortes perdas, a exemplo de Londres (declínio de 3,92%) e Frankfurt (baixa de 2,73%). Nos EUA, a Bolsa de Nova York cai 2,51%, numa variação pouco frequente para Wall Street.
O anúncio do Lehman é mais um episódio da crise dos créditos "subprime", que abala o sistema financeiro americano há cerca de um ano e está na origem da desaceleração das economias centrais. Há semanas, o mercado segue o "drama" do Lehman à procura de um comprador e ainda sob expectativa de uma operação de resgate do governo dos EUA, em moldes semelhantes ao ocorrido com a Fannie Mae e a Freddie Mac, gigantes do setor setor hipotecário.
As duas expectativas, no entanto, foram frustradas: a "solução de mercado" se perdeu, com a desistência dos potenciais compradores - primeiro, o banco coreano KDB, e depois, o britânico Barclays e neste final, a derradeira "pá de cal" foi jogada, com a indicação do governo americano de que não resgataria o banco de investimentos. O anúncio do Lehman também eleva o nível de nervosismo dos mercados devido ao fator "bola da vez". O mercado se lembra de que a situação do setor financeiro americano e europeu continua muito ruim e começa a esperar pela próxima quebra. Analistas lembram, com algum alívio, de que a mais provável e próxima "bola da vez" já foi equacionada: o banco Merrill Lynch foi vendido ao Bank of America por US$ 50 bilhões.