postado em 16/09/2008 14:32
Um levantamento das ações mais desvalorizadas nas principais Bolsas de Valores do continente americano mostra a dimensão das turbulências recentes do setor financeiro. Em uma lista de 50 ações, uma parcela de 11 registrou perdas acima de 90%, segundo estudo da consultoria Economática.
No topo da lista, a ação do banco de investimentos Lemon Brothers, com anúncio recente da quebra, virou "pó": a desvalorização acumulada neste ano, até o pregão de ontem, foi a 99,7%.
As outras duas ações com mais perdas também são protagonistas freqüentes do noticiário da crise: a Freddie Mac e a Fannie Mae. As ações da primeira registraram queda de 98,8% enquanto a ação da segunda cedeu 98,4%, ainda de acordo com os cálculos da Economática.
A crise dos créditos "subprime", aliás, domina a lista da consultoria: o quarto papel com maiores perdas pertence à financiadora hipotecária americana Thornburg Mortgage. No acumulado deste ano (até o pregão de ontem), o ativo desvalorizou 96,2%.
Além da Thornburg, outros exemplos são o banco Bears Stearns, vendido para o JP Morgan num dos picos da crise, e cuja ação declinou 88,9%; e o banco Washington Mutual, que apurou prejuízo de US$ 3,33 bilhões no segundo trimestre, ante um lucro de US$ 830 milhões no mesmo período de 2007. A ação desse banco despencou 85,1%.
O levantamento da Economática também dimensiona o tamanho do estrago da crise em Wall Street: dentre as 50 ações perdedoras, 29 são negociadas no mercado dos EUA. Outras 19 são negociadas na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
Brasil
A primeira ação do mercado brasileiro a constar da lista, no entanto, não é de uma empresa diretamente afetada pelos problemas da economia global. Em junho, a Polícia Federal prendeu dois diretores da Agrenco - companhia de serviços que atua nos setores de agronegócio e biocombustível - por suspeita de participação em crimes financeiros. No mesmo dia das prisões, a ação da empresa despencou quase 50% na Bovespa. E no acumulado deste ano (até o pregão de ontem), já desvalorizou 95,4%.
A segunda ação brasileira a constar da lista é o papel da Laep, controladora da Parmalat, que anunciou prejuízo de R$ 73,3 milhões no segundo trimestre, mais de dez vezes as perdas registradas no mesmo período do ano passado (R$ 7,2 milhões). No acumulado deste ano, a ação da Laep amarga queda de 93,2%.
A empresa também foi investigada pela polícia no âmbito da "Operação Ouro Branco", que acusou empresas de "batizar" o leite para aumentar seu volume ou de adicionar substâncias para que ele durasse mais tempo. A própria Laep admitiu que as investigações prejudicaram o balanço como reflexo da "crise de confiança que abalou o setor".