postado em 16/09/2008 16:07
A crise no sistema financeiro dos EUA deixou um novo rastro de desvalorização nas Bolsas européias. Além da quebra do Lehman Brothers, os problemas de caixa da seguradora AIG e a venda do Merrill Lynch, o anúncio de queda de 70% no lucro do Goldman Sachs, nesta terça-feira, abateu a confiança dos investidores e as principais Bolsas da Europa fecharam em queda.
A Bolsa de Londres registrou queda de 3,43% em seu índice Footsie-100, que cedeu para 5.025,6 pontos. Já o FTSE-250 encerrou em baixa de 3,38%, para 8.413,7.
O índice CAC-40 da Bolsa de Paris também registrou queda, de 1,96%, a 4.087,40 pontos. O índice DAX-30 da Bolsa de Frankfurt caiu 1,63%, para 5.965,17 pontos.
O índice SMI (Swiss Market Index) da Bolsa de Valores de Zurique deslizou 2,97%, e fechou a 6.732,93 pontos.
Na Itália, a Bolsa de Milão registrou queda de 2,72% para o índice S/MIB, que fechou a 26.589 pontos. O índice geral Mibtel caiu 2,52%, para 20.461 pontos.
O Goldman Sachs Group informou nesta terça-feira que seu lucro no trimestre encerrado no dia 29 de agosto ficou em US$ 845 milhões (US$ 1,81 por ação), contra US$ 2,85 bilhões (US$ 6,13 por ação) um ano antes. A receita líquida do banco caiu de US$ 12,3 bilhões para US$ 6,04 bilhões no mesmo período. As três principais agências de classificação de risco --Standard & Poor´s, Moody´s e Fitch - diminuíram a classificação de risco da AIG. A seguradora negocia um empréstimo de até US$ 75 bilhões com o Goldman Sachs e o JP Morgan Chase, depois que o Federal Reserve (Fed, o banvo central americano) negou ajuda financeira à instituição. O pedido do empréstimo aos dois grandes bancos americanos foi feito pelo próprio Fed, segundo o "Wall Street Journal".
Na Ásia, hoje, o dia também foi de perdas: o índice Nikkei 225, da Bolsa de Tóquio, fechou em queda de 4,95%; em Hong Kong, o índice Hang Seng recuou 5,44%%; a Bolsa de Seul fechou com perda de 6,10%; e a Bolsa de Xangai caiu 4,47%.
Ontem, o Lehman Brothers entrou com o pedido de proteção sob a legislação de falências e concordatas no Tribunal de Falências do Distrito Sul de Nova York. O governo americano não repetiu a ação de ajudar as empresas financeiras a evitar a quebra, como fez com as gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, que devem receber uma injeção de até US$ 200 bilhões. O Lehman já havia anunciado um plano de reestruturação, além de uma previsão de prejuízo trimestral de US$ 3,9 bilhões.
O banco buscava um comprador, mas, sem ajuda do governo, candidatos em potencial a ficar com o Lehman, como o Barclays e o Bank of America, se afastaram do negócio. O site do jornal Financial Times informa nesta terça-feira, no entanto, que o Lehman Brothers fechou um acordo para vender partes do banco para o britânico Barclays.
Segundo o FT, os dois bancos fecharam um acordo nesta manhã em Nova York, envolvendo as operações de brokers e dealers do Lehman - as atividades incluem a consultoria para fusões. Com a situação crítica do Lehman, outras instituições financeiras correram para salvar outro banco tradicional de Wall Street, o Merrill Lynch : o Bank of America comprou o Merrill por cerca de US$ 50 bilhões, consolidando ainda mais sua posição de gigante reforçada já por uma série de compras anteriores que incluem o banco hipotecário Countrywide Financial. Hoje, os investidores na Europa ainda aguardaram a decisão do Fed sobre sua taxa de juros, que foi mantida em 2% ao ano). As negociações nas Bolsas européias se encerram, no entanto, antes da divulgação do banco central dos EUA. Os reflexos dessa decisão só deverão ser percebidos na quarta-feira.