postado em 16/09/2008 20:48
Estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) aponta que o preço do barril de petróleo deverá manter-se em queda até 2015, quando estará estabilizado em torno de US$ 70. De acordo com o presidente da estatal responsável pelo planejamento energético do país, Mauricio Tolmasquim, os fatores que fizeram com que o preço médio do barril saísse de US$ 19,42 em janeiro de 2002 para US$ 132,72 em julho de 2008 não se manterão nos próximos anos.
A previsão é que os preços permaneçam no patamar próximo dos US$ 70 até 2025, quando voltarão novamente a subir "Acredito que já atingimos o teto", afirmou,depois de apresentar estudo na Rio Oil & Gas. Ele lembrou ainda que os valores estimados são reais. "Com a inflação, poderá ser mais alto, pode chegar a US$ 100", completou.
Ele destacou que a escalada dos preços no período está relacionada a um crescimento da demanda superior ao da oferta. A especulação financeira, encabeçada por investidores que deixaram títulos e ações em busca de ativos reais, e os eventos climáticos extremos, como furacões e tempestades tropicais, também afetaram o mercado.
A demanda foi puxada principalmente pelo crescimento das economias emergentes. Nesses países, o PIB cresceu em média 6% entre 1998 e 2002, com expansão de 3,3% no consumo de petróleo. Nos países desenvolvidos, que cresceram 2,6% no mesmo período, essa taxa foi de apenas 0,5%.
Pelo lado da oferta, os fatores de maior influência foram a fraca expansão da produção, a alta dos custos de exploração, o predomínio do controle estatal sobre as reservas e a redução brusca da capacidade ociosa, que já foi de quase 6 milhões de barris por dia e hoje gira em torno de 2 milhões.
Para os próximos anos, a EPE aposta na saída de cena de muitos desses fatores. Por um lado, a crise americana deve desacelerar o crescimento mundial, diminuindo a demanda. Por outro, os ganhos de eficiência e a substituição do petróleo por outros combustíveis também deve retirar a pressão sobre os preços.
Tolmasquim admitiu que os preços possam desacelerar mais rapidamente com a intensificação da crise americana, mas destacou que ainda não há elementos estruturantes que apontem para essa possibilidade.
Ao mesmo tempo, a produção deve aumentar, motivada pelo preços em alta e pela maturação de investimentos em outras regiões do globo, como o Brasil, o Golfo do México, o Mar Cáspio e a costa africana. Tolmasquim também espera que a capacidade ociosa da Opep volte a subir, chegando a 4,8% em 2010.
"A Arábia Saudita deve investir na produção, porque os preços altos têm fortalecido o Irã, acusado de financiar grupos xiitas que representam uma ameça para o país, de maiora sunita", diz Tolmasquim.