postado em 17/09/2008 10:02
O mercado de fundos de investimento registra em setembro mais um mês de saques expressivos. Com a piora da crise nesta semana - apesar de a Bolsa de Valores ter escapado da queda nesta terça-feira (16/09) -, uma reversão desse movimento pode estar ainda bem distante.
A saída líquida de recursos dos fundos neste mês, até o dia 11, alcançou os R$ 4,7 bilhões. Profissionais do mercado financeiro estimam que essa saída tenha se aprofundado na segunda-feira, quando a Bovespa teve seu pior pregão em sete anos.
Os saques líquidos em todo o mercado de fundos alcançam os R$ 25 bilhões em 2008, de acordo com informações da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid). Este é o primeiro ano em que os fundos sofrem saques desde 2002.
Um dos principais destinos dos recursos que têm abandonado os fundos de investimento são os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), que vêm pagando juros mais elevados nos últimos meses.
Com as maiores dificuldades enfrentadas pelos bancos para captarem recursos, as taxas dos CDBs devem se manter em patamares altos. As instituições financeiras precisam captar recursos para ter dinheiro para emprestar, especialmente neste momento de expansão do crédito. Uma das formas de as instituições fazerem isso é emitindo CDBs, que seus clientes adquirem e recebem uma taxa de juros em troca.
"Nesse momento de crise, as aplicações que pagam juros são as que dão menos dor de cabeça para os investidores. No segmento, os CDBs e os fundos DI aparecem como destaque", afirma o administrador de investimentos Fábio Colombo. "Por enquanto, as taxas dos CDBs tendem a seguir elevadas", diz Colombo.
Com a queda de 22,94% que a Bolsa de Valores de São Paulo acumula neste ano, é difícil encontrar um fundo de ações que não esteja no vermelho. O mesmo ocorre com os fundos multimercados - que podem aplicar em diferentes segmentos, como papéis que rendem juros, ações e câmbio.
Aproximadamente 72% dos multimercados carregam ações em suas carteiras. Dessa forma, a categoria tem sentido a depreciação da Bolsa. Os multimercados são a categoria que mais perdeu recursos em 2008: R$ 33,28 bilhões.
Ganhos com juros
O retorno médio dos CDBs em 2008 é de 8,4%. Os fundos de renda fixa pagam cerca de 8,5%, e os DI, 8%. Um ponto que tem favorecido os CDBs é o fato de a aplicação não cobrar taxa de administração, que acaba por corroer uma parcela da rentabilidade dos fundos. A taxa de administração cobrada normalmente oscila entre 1% e 4% ao ano.
Patrícia Branco, sócia-gestora da Global Equity, avalia que o mercado acionário segue arriscado no curto prazo. Mas, para o investidor que pensa em prazos maiores, ao menos em 12 meses, as ações podem começar a ser encaradas como uma opção. "Mas temos de considerar que os juros estão muito elevados e vão subir ainda mais um pouco", afirma.