Economia

Consumo e miséria reforçam desigualdade no DF

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postado em 21/09/2008 08:42
De um lado, os brasilienses têm mais acesso à infra-estrutura urbana que a média nacional, ganham salários mais altos, compram mais eletroeletrônicos e celulares e contribuem mais para a Previdência Social. No entanto, assim como no restante do país, vêem seus jovens deixar as escolas, ainda sofrem com o analfabetismo e com uma das taxas de desemprego mais elevadas do país. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na semana passada mostram que a concentração de renda prejudica cada vez mais os moradores do Distrito Federal, que têm um dos índices mais elevados de desigualdade do país. No DF, o Índice de Gini, indicador do IBGE que mede as disparidades, cresceu em 2007, indo na contramão da tendência nacional. A taxa brasiliense aumentou de 0,571 em 2006 para 0,587 em 2007 ; quanto mais próximo de 1 o indicador for, maiores são as desigualdades da região. No mesmo período, o índice nacional caiu de 0,540 para 0,528. Nos próximos domingos o Correio apresentará uma série de matérias que diagnosticam as diferenças dentro do DF e tentam explicar os motivos que levaram a capital federal a ter a segunda maior concentração de renda do país, ficando atrás apenas do Piauí, que tem um Índice de Gini de 0,631. Apesar das disparidades internas, o acesso aos serviços de infra-estrutura urbana é maior entre os moradores do DF. A coleta de esgoto atinge 82,1% das residências, bem mais que na média nacional, onde, pela primeira vez na história, a proporção de atendidos por políticas de saneamento ultrapassou a metade da população brasileira (veja quadro). No entanto, ainda restam 131 mil domicílios que contam apenas com outras possibilidades, como, por exemplo, a fossa séptica. Um problema do dia-a-dia, segundo a dona-de-casa Poliene Azevedo do Nascimento, de 22 anos e moradora da Vila Estrutural. Há dois meses ela e o marido alugam um quarto de um imóvel em que vivem mais duas famílias. Ao todo, são seis pessoas que dividem o mesmo banheiro. Sem a coleta de esgoto, a tarefa de limpar a fossa se torna um problema. ;Eu não tenho coragem, o cheiro é muito ruim, sempre peço ao meu marido. Aqui não tem jeito, por mais que se limpe a casa, sempre fica o mal cheiro;, conta. A expectativa de especialistas é que com a retomada dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com a fixação de um marco legal para o saneamento a situação melhore em todo o país. ;Há uma desigualdade no acesso ao saneamento básico, que hoje é mais concentrado nas áreas mais urbanizadas e mesmo dentro das cidades há uma concentração do atendimento nos bairros mais nobres;, afirma a coordenadora de estudos setoriais urbanos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Maria da Piedade Morais. Apesar de ter 93,6% de sua população atendida pelo abastecimento de água, 47 mil famílias brasilienses ainda não contam com o serviço. O atendimento público mais disseminado no DF, assim como no restante do país, é o de iluminação elétrica. Na capital federal já foi alcançada a prometida universalização do serviço. Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense.

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