postado em 22/09/2008 08:26
O esperado pacote de socorro do governo dos Estados Unidos, de US$ 700 bilhões, para salvar bancos atolados em créditos podres do mercado imobiliário saiu no fim de semana, mas que ninguém espere dias tranqüilos para a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Na avaliação dos analistas, os próximos meses serão de muitos solavancos, que, certamente, provocarão perdas aos investidores menos preparados para lidar com situações difíceis como a que vive o mundo atualmente. ;Teremos, por um bom tempo, um mercado restrito aos profissionais e aos especuladores, que se aproveitam dos altos e baixos da bolsa para ampliar seus ganhos. Portanto, recomendo aos que estão fora da bolsa que continuem longe dela até que as turbulências se dissipem;, diz Edmilson Lyra, presidente da Associação de Educação Financeira.
Segundo Lyra, é até possível que a Bovespa, que, na última sexta-feira, computou alta de quase 10%, a maior em nove anos para um único dia, avance um pouco mais. Mas essa possível valorização não compensará os riscos embutidos no mercado. Para ele, é melhor deixar de ganhar na bolsa na atual conjuntura, do que correr o risco de ver parte do patrimônio virar pó, caso, por exemplo, a tentativa dos EUA de resgatar seus bancos não seja suficiente para evitar o colapso de Wall Street, o coração financeiro do mundo. ;Vá que o Congresso americano demore para aprovar o socorro preparado pelo governo Bush! Se isso acontecer, as bolsas de todo o mundo, não só a brasileira, vão desabar;, destaca. ;Então, a hora é de botar as barbas de molho, de ser conservador;, aconselha.
Erros do passado
Ser conservador, na opinião do presidente da Associação de Educação Financeira, é deixar o dinheiro aplicado na caderneta de poupança, em fundos de renda fixa, em certificados de depósito bancário (CDBs), enfim, em aplicações corrigidas pela taxa juros. ;Por menor que seja o ganho nessas aplicações, ele é garantido. Na bolsa, isso não acontece;, assinala. Há, porém, uma recomendação especial para aqueles que já estão no mercado acionário e, muito provavelmente, estão perdendo dinheiro: não saiam agora. Agüentem firme. Historicamente, no médio e longo prazos, as bolsas se recuperam e o retorno dos investimentos sempre é significativo.
Essa ressalva é importante porque, como bem lembra Demétrius Borel Lucindo, analista da Top Trade Investimentos, os brasileiros têm um péssimo histórico em se tratando de investimentos em ações. Sempre entram no mercado quando a bolsa já subiu demais, ou seja, pagam caro pelos papéis, e saem quando a bolsa está caindo. O resultado é sempre prejuízo. Por isso, muita gente tem péssimas lembranças de investimentos em ações. ;Esse tipo de erro, no entanto, pode ser evitado se os investidores forem orientados por um profissional sério, que respeite seus clientes e não esteja preocupado apenas em dar lucro às empresas para as quais trabalham;, afirma.
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