postado em 22/09/2008 08:48
Ao mesmo tempo que a América Latina se destaca como exportadora de produtos minerais e agrícolas, a região enfrenta o desafio de ter custos de transporte mais elevados que as nações desenvolvidas, segundo estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre o impacto dos custos de transporte nos negócios da América Latina e Caribe, divulgado nesta segunda-feira (22/09).
"A região, lar dos maiores exportadores de minério de ferro e de suco de laranja do mundo e dos maiores produtores de cobre e prata, tem custos de transporte mais elevados do que as nações desenvolvidas", diz o estudo.
Em relação aos Estados Unidos, a região gasta quase o dobro para importar seus produtos, de acordo com o estudo, que analisou dados de nove países latino-americanos. A Argentina, por exemplo, gasta 22% mais que os Estados Unidos para importar seus produtos, o Chile, duas vezes mais e o Paraguai, mais do que o quádruplo.
As exportações latino-americanas e caribenhas para os Estados Unidos pagam taxas de frete oceânico que são, em média, 70% mais altas do que as taxas pagas por exportações da Holanda, um país reconhecido pela eficiência de seus portos.
Pelo ar, os custos de frete aumentaram muito mais rápido na região do que na China e no resto do mundo. As taxas de frete aéreo em 2006 no Caribe, por exemplo, eram 36% mais altas do que em 1995. Enquanto isso, a China manteve seus custos abaixo da marca de 1995, apesar da elevação dos preços do petróleo.
Excesso de peso
A maior parte das diferenças nos custos dos fretes oceânicos e aéreos pode ser explicada pelas mercadorias "pesadas". Quando comparado o transporte de mercadorias similares, no entanto, cerca de 40% da diferença nos preços entre a região e os Estados Unidos e a Europa tem justificativa na eficiência de portos e aeroportos, segundo o estudo.
"Os custos de transporte para as importações da região cairiam cerca de 20% se a América Latina melhorasse a eficiência de seus portos até o nível dos EUA. Se a concorrência entre as empresas transportadoras aumentasse até o nível existente nos EUA, os custos de frete poderiam ter uma redução de 4%", aponta o relatório do BID.
"A distância tem um papel mínimo na explicação dos custos do transporte na região. A boa notícia é que a melhora da infra-estrutura é algo que está ao alcance dos formuladores de políticas", avalia Maurício Mesquita Moreira, economista do BID responsável pelo estudo.
Entre as medidas apontadas pelo estudo para aumentar a eficiência dos portos, está a busca de melhor qualidade das instalações e de atividades de apoio - como reboques, auxílio de rebocadores e manuseio de cargas -, a redução das restrições legais (como a exigência de licenças especiais para operar os serviços de estiva).
No caso do transporte aéreo, o estudo do BID propõe uma revisão do modelo regulador do setor de companhias e cargas aéreas na região, "o que poderia ajudar a reduzir custos.