Economia

Bancos na Europa devem se "preparar para o pior", diz FMI

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postado em 24/09/2008 14:41
Os bancos europeus devem "se preparar para o pior" cenário possível da crise, ainda que estejam em melhor condição que as instituições bancárias nos EUA, disse o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (24/09) no diário alemão "Frankfurter Allgemeine Zeitung". "Os bancos europeus sofreram perdas (...) mas, no geral estão em melhor condição que os americanos. Ao mesmo tempo, é preciso alertar os [bancos] europeus para se prepararem para o pior cenário", disse Strauss-Kahn. "Não devemos nos esquecer que esta é, em primeiro lugar, uma crise americana (...) Portanto, o trabalho de lidar com ela deve ser empreendido primeira e principalmente pelos EUA." Ele elogiou ainda a iniciativa do governo americano de oferecer um pacote de US$ 700 bilhões para comprar títulos de risco, como papéis lastreados por hipotecas, em posse de instituições financeiras, como forma de diminuir o risco de que ocorram mais casos como o do banco de investimentos Lehman Brothers - que pediu concordata no último dia 15. "Recebemos com satisfação o plano. Primeiramente, o governo americano vinha tratando o problema com soluções caso a caso (...) Mas então ficou claro que isso não era suficiente", disse Strauss-Kahn. O diretor do Fundo ainda destacou que a crise, "em certa medida, é um resultado dos excessos recentes" no mercado financeiro e que o sistema regulatório do mercado financeiro americano "não é forte o suficiente". "A regulamentação nos EUA não manteve o ritmo das mudanças ágeis nos mercados financeiros. A supervisão governamental é muito fragmentada. Parece que a necessidade de reforma, para uma nova arquitetura financeira, não foi vista a tempo", afirmou. Combate à inflação Strauss-Kahn pediu hoje aos governos que tomem conta especialmente das populações pobres ao estabelecerem medidas para conter a inflação. Segundo ele, o FMI prevê uma inflação mundial de 13% no fim de 2008. "É uma média. Agora todos nós sabemos que a inflação exerce um impacto maior sobre os pobres porque, logicamente, são os menos protegidos", disse na abertura de um seminário em Washington. "Para todos os governos, sempre é mais fácil anunciar medidas gerais, que podem ser compreendidas por todos e postas em prática rapidamente. Mas sabemos que este procedimento será menos eficaz que uma medida que requer mais tempo, que seja mais forte do ponto de vista político, mas que aponte para um objetivo mais específico", destacou. "Os subsídios [contra a inflação] não apontam para um alvo suficientemente específico com cada vez mais freqüência. Eles deveriam ser voltados para os pobres", acrescentou.

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