postado em 24/09/2008 17:30
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou a quarta-feira em alta modesta, resistindo ao dia negativo nas demais Bolsas internacionais. A recuperação da Bolsa foi puxada, principalmente, pela forte alta registrada para as ações da Petrobras. O termômetro da Bolsa de São Paulo, o índice Ibovespa, ficou 0,50% mais alto e alcançou os 49.842 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4 bilhões, abaixo da média do mês (R$ 5,62 bilhões/dia).
As ações da Petrobras, e com menor participação, da Vale do Rio Doce, sustentaram a Bolsa hoje, num mercado ainda bastante incerto sobre a aprovação ou não do pacote anticrise proposto pela Casa Branca. "Em função dessa insegurança toda, as ações da Petrobras, que têm muito peso na Bolsa, passaram a atrair os compradores. É quase um consenso entre os analistas de que esse ativo não tem motivo nenhum para estar tão barato, principalmente por causa das últimas descobertas (de campos de petróleo)", comenta Boris Kogan, operador da corretora Walpires.
Profissionais de corretoras comentam que o mercado está em suspense, à espera de que o plano bilionário para absorver os créditos problemáticos do sistema financeiro americano seja aprovado pelo Congresso dos EUA. "Se nos próximos dias não houver novidades sobre isso, o mercado pode ficar bastante nervoso", afirma Luiz Fernando Moreira, operador da corretora de câmbio Dascam. "O mercado está muito apreensivo sobre a aprovação ou não. As autoridades americanas estão dando declarações contraditórias. E se não for aprovado, a Bolsa deve amargar umas boas perdas na semana que vem", reforça Kogan, da Walpires.
Hoje, o megainvestidor Warren Buffett afirmou que a semana passada - quando as Bolsas registraram suas piores perdas desde o histórico 11 de setembro - vai "parecer o paraíso" se o pacote não for aprovado. O dólar comercial foi negociado a R$ 1,858, em alta de 1,47%. A taxa de risco-país marca 293 pontos, número 3,53% mais alto que a pontuação anterior.
As Bolsas européias não conseguiram escapar da preocupação generalizada com o pacote anticrise americano. Em Londres, o índice FTSE retraiu 0,78%, enquanto o índice Dax, da Frankfurt, caiu 0,25%. Nos EUA, a Bolsa de Nova York oscilou bastante e fechou em baixa de 0,27%. Efeito Buffett.
O mercado continua preocupado com a aprovação do pacote anticrise bilionário da Casa Branca --orçado em US$ 700 bilhões-- e que ontem foi alvo de severas críticas por parte de senadores americanos. O pacote tem um custo alto para as contas públicas e, para os legisladores, "poupa" os executivos considerados como responsáveis pela especulação que desembocou na crise dos créditos "subprimes". Ontem à noite, no entanto, os investidores tiveram uma notícia vista como positiva: o banco Goldman Sachs revelou que a holding Berkshire Hathaway, do investidor americano Warren Buffett, vai aplicar US$ 5 bilhões na instituição financeira e pode duplicar este valor, a qualquer momento, nos próximos cinco anos. O Goldman Sachs é um dos poucos bancos de investimentos a sobrarem nos EUA após o "colapso" de várias instituições bancárias vitimadas pela crise dos créditos "subprimes".
BC libera compulsórios
No front doméstico, o Banco Central mudou as regras para os depósitos compulsórios das instituições financeiras, com o objetivo de liberar dinheiro na economia e compensar os eventuais efeitos da crise financeira mundial no país. A primeira medida posterga o recolhimento compulsório sobre leasing; a segunda, ajuda o acesso a crédito por bancos médios e pequenos. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que a inflação medida pelo IPCA-15 teve uma desaceleração entre agosto e setembro: a taxa caiu de 0,35% para 0,26%. Nos 12 meses, o IPCA-15 acumulado atinge 6,20%. Para analistas, o resultado reforça a aposta de que a inflação deste ano termine dentro das metas da equipe econômica (6,50%, pelo IPCA).