postado em 29/09/2008 13:19
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) despenca, refletindo o estresse do investidor com as incertezas sobre o pacote anticrise dos EUA, que deve ser votado nos próximos dias. As notícias de quebras de bancos na Europa também ajudar o tornar o cenário externo mais nervoso para os mercados. O câmbio continua pressionado e crava R$ 1,92.
"É claro que nesses momentos sempre há algum exagero. O problema é que o cenário ainda está muito nebuloso, e está ainda pior pelo o que está acontecendo na Europa. O mercado começou a refletir um contágio ainda maior da economia européia [pela crise dos créditos "subprimes"]", afirma Marcelo Mello, vice-presidente da Sul América Investimentos.
O principal índice de ações da Bolsa, o Ibovespa, retrocede 6,72%, para os 47.368 pontos. O giro financeiro é de R$ 2,34 bilhões.
As ações líderes da Bolsa, Petrobras e Vale do Rio Doce, despencam nesta segunda-feira, arrastando o mercado doméstico. A ação preferencial da petrolífera cede 7,73%, enquanto o papel da Vale do Rio Doce cai 7,50%.
No rol das 66 ações que compõem o indicador Ibovespa, e que respondem por 90% do volume da Bolsa, somente a ação preferencial da Klabin apresenta valorização: 3,14%.
O dólar comercial é negociado a R$ 1,920 na venda, o que significa um acréscimo de 3,72% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 320 pontos, número 11,88% mais alto que a pontuação anterior.
Na Europa e nos EUA, as principais Bolsas de Valores operam no vermelho: em Londres, o mercado local cede 5%; em Frankfurt, a Bolsa recua 4,22%. E nos EUA, a mundialmente influente Bolsa de Nova York perde 2,54%.
Na semana passada,o mercado contava que o pacote de resgate proposto pela Casa Branca pudesse ser votado ainda no domingo ou na segunda-feira, como sinalizavam alguns líderes congressistas americanos. A possibilidade de que o pacote seja aprovado somente na quarta-feira, porém, deixa investidores e analistas ainda mais inseguros, em um ambiente já fortemente avesso a risco. "Creio que o problema não está tão concentrado no atraso da votação [do pacote]. Efetivamente, da forma como o pacote veio [reformado pelo Congresso] efetivamente não agradou o mercado. A principal questão é os US$ 700 bilhões não devem ser liberados de uma vez, mas em "tranches´ [parcelas]. Isso vai comprometer a ação do Paulson [secretário do Tesouro dos EUA] num momento crítico", afirma Marcelo Melo, da Sul América.
Na Europa, o noticiário econômico já começou a "surpreender" analistas e investidores. O banco alemão Hypo Real Estate somente escapou da falência graças a um crédito de 35 bilhões de euros, garantido essencialmente pelo Estado alemão. O britânico Bradford & Bingley (B), também é um dos gigantes europeus do setor de hipotecas, também teve que ter salvo pelo governo local.
E nos EUA, analistas continuam monitorando de perto a situação do Wachovia, outra grande instituição financeira afeta pelos créditos "subprimes", e que vai ser adquirido pelo Citigroup.
Brasil
No front doméstico, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) revelou que a inflação medida pelo IGP-M subiu 0,11% em setembro, ante uma deflação de 0,32% no mês anterior. Economistas do setor financeiro projetavam uma variação de 0,08%. Saiu também hoje o Relatório Trimestral de Inflação, em que o Banco Central aumentou as suas previsões para a inflação em 2008 e 2009, apesar do recuo nos índices de preços verificado nos últimos meses. O BC aumentou ainda de 4,8% para 5% a previsão de crescimento da economia brasileira em 2008.