postado em 29/09/2008 14:15
O brasileiro nunca esteve tão endividado, segundo avaliação feita pelo Banco Central no Relatório de Inflação do terceiro trimestre. Apesar de tal dado despertar preocupação, a avaliação do BC é que vários fatores tornaram o aumento do crédito um movimento sustentado.
Segundo o BC, as dívidas cresceram mais que os salários, mas isso não se refletiu em aumento significativo da inadimplência.
Um dos motivos para isso é o fato de o crédito ter sido puxado por empréstimos com desconto em folha de pagamento e por operações de leasing para compra de veículos, duas modalidades que oferecem mais garantias para os emprestadores.
Outro fator é a redução das taxas de juros verificada até o início do ano e o alongamento dos prazos de financiamento para que as prestações pudessem caber no orçamento do consumidor.
Para o BC, o Brasil tem um cenário de melhora na carteira de crédito dos bancos, já que os empréstimos oferecem mais garantias. Além disso, há um comprometimento "equilibrado e sustentável" da renda do brasileiro.
"Verifica-se que houve crescimento significativo do endividamento das famílias, refletindo a expansão do crédito a partir de uma base restrita. No entanto, esse crescimento não compromete a estabilidade financeira, tendo em vista a concentração em operações de baixo risco de inadimplência", diz o BC no relatório.
Segundo a pesquisa mensal de juros do BC, divulgada na última sexta-feira, o crédito avançou 31,8% nos últimos 12 meses. Em termos absolutos, bateu novo recorde: chegou a R$ 1,11 trilhão. Também foi recorde na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto): passou de 24% em 2003 para 38% do PIB em agosto deste ano.
Como o crédito cresce mais que a economia, ele ganha mais espaço ao ser comparado com a soma das riquezas produzidas no país no mesmo período. A expectativa do BC é que o percentual de crédito termine o ano em 40% em relação ao PIB.