postado em 29/09/2008 17:29
Os preços do petróleo perderam mais de US$ 10 nesta segunda-feira em Nova York após a recusa da Câmara de Representantes ao plano de resgate do sistema financeiro de US$ 700 bilhões. A notícia reforça as preocupações sobre a economia do maior consumidor de petróleo do mundo, os Estados Unidos, e, por conseqüência, na demanda mundial.
O pânico tomou conta dos investidores quando o resultado da votação do Congresso marcou a rejeição ao plano de US$ 700 bilhões do governo George W. Bush, apresentado como crucial para evitar a ampliação do colapso econômico.
O contrato do petróleo cru para entrega em novembro encerrou cotado a US$ 96,37, um decréscimo de 9,84% (US$ 10,52 menos) em relação ao fechamento anterior. Durante a sessão, no entanto, a commodity chegou a perder US$ 11,85. A cotação mínima atingiu US$ 95,4 e a máxima, US$ 106,1.
Já o barril de petróleo Brent, de referência na Europa, caiu hoje mais de 9% e fechou a US$ 93,98 na ICE (Bolsa Intercontinental de Futuros de Londres, na sigla em inglês), após a Câmara de Representantes dos Estados Unidos ter rejeitado o plano de resgate do setor financeiro.
A rejeição ao plano de resgate, que aconteceu tanto nas filas democratas quanto nas republicanas, poderia obrigar os representantes dos dois partidos a voltar à mesa de negociações até conseguir um novo plano que lhes permita eliminar todas as reservas.
O porta-voz da Casa Branca Tony Fratto afirmou que o presidente George W. Bush vai se reunir com membros do Congresso e da equipe econômica mais tarde para "determinar os próximos passos".
A Câmara rejeitou o pacote por 228 votos contra; a favor foram 205 votos. Os votos contrários ao pacote de resgate dos bancos vieram tanto dos democratas como dos republicanos. Segundo o jornal "The New York Times" ("NYT"), mais de dois terços dos republicanos e 40% dos democratas se opuseram.
Após a votação, líder dos republicanos na Casa, John Boehner, disse que haverá um esforço para a elaboração de um novo texto, com mais mudanças. "Temos de encontrar um verdadeiro meio-termo", disse. "Precisamos que todos se acalmem, relaxem e voltem ao trabalho." Ainda não há, no entanto, uma perspectiva nem para apresentação de uma nova proposta nem para uma nova votação. Os líderes da Câmara ainda tentaram estender a votação por mais tempo, para convencer colegas do "não" a optar pelo "sim", mas não tiveram sucesso. Segundo o "WSJ", o secretário do Tesouro, Henry Paulson, fez contato com os parlamentar via celular no esforço da aprovação.
No plenário, os defensores do pacote usaram como argumento a necessidade de tirar o país de uma recessão e de uma crise sem precedentes. Quem votou contra, argumentou que a aprovação do plano ocorreria por medo, o mesmo sentimento que levou o país à guerra contra o Iraque, disseram.
Além da discussão sobre um novo texto, as lideranças no Congresso ainda precisam lidar com outro problema prático: os congressistas têm tentado deixar Washington, para fazer campanha - em novembro, além da eleição presidencial, também haverá votação para renovação das casas legislativas americanas.
Mercado
Mais cedo, a Agência Internacional de Energia (AIE) divulgou estimativas de melhora do mercado de petróleo nos próximos meses. Há preocupações, no entanto, quanto ao período posterior a 2010. "A situação melhorará até o final do ano, ainda que se deva reconhecer que o mercado estava muito tenso atualmente e reagirá ao menor acontecimento externo, tanto às variações meteorológicas quanto às crises geopolíticas", disse Nobuo Tanaka, diretor executivo da AIE. "Em 2009 e 2010, a situação do mercado será melhor devido a um aumento da capacidade, mas depois de 2010 as perspectivas são mais preocupantes", acrescentou.