postado em 30/09/2008 15:51
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que o Brasil está acompanhando a crise americana com "grande seriedade" e que "está preparado para agir" quando for preciso. Durante uma palestra nesta terça-feira (30/09) em São Paulo, Meirelles reafirmou que a economia brasileira construiu uma resistência para crises externas.
"Hoje, as reservas (em moeda estrangeira) cobrem em três vezes o montante da dívida externa que vence em 12 meses", afirmou o presidente, citando que 30% da dívida total do país é credora em moeda externa.
Sem falar com a imprensa, Meirelles pregou no seu discurso cautela e afirmou que, com os últimos acontecimentos da crise americana, é preciso "resistir" em achar conclusões para o que acontece no dia-a-dia.
"A situação [da economia brasileira] nos permite tomar decisões com serenidade. Medidas precipitadas, tomadas no calor dos acontecimentos, tendem a se mostrar equivocadas", argumentou.
Para o presidente do BC, a crise é grave e séria, que "ainda está sujeita a altos e baixos". Segundo ele, técnicos do Banco Mundial lhe informaram que as perdas com a crise financeira dos Estados Unidos atingiram US$ 1,3 trilhão.
No entendimento de Meirelles, a crise financeira foi causada por um quadro regulatório permissivo nos Estados Unidos, principalmente para os bancos de investimentos. Além disso, o presidente do BC considera que a situação foi agravada com o longo período de taxas de juros baixas nos EUA.
"Nós tivemos um aumento substancial do crédito e aumento dos ativos imobiliários (preços dos imóveis). O resto é conseqüência desse processo", explicou.
Reservas
Como faz desde o agravamento da crise financeira dos Estados Unidos, que ocorreu em 15 de setembro deste ano, Meirelles fez questão de dedicar boa parte de sua palestra aos benefícios que ele considera que o Brasil teve ao aumentar as reservas internacionais, que chegou em US$ 207 bilhões.
"Não há dúvidas que o país tirou proveito de um momento benigno da economia internacional", afirmou o presidente, considerando o recurso em dólar como um "colchão de reserva que se mostra de extrema utilidade".