postado em 30/09/2008 16:42
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, defendeu hoje que o governo promova uma nova flexibilização no regime de depósito compulsório bancário para injetar mais recursos na economia e fazer frente à redução da liquidez causada pela crise financeira internacional. "Há medidas que podem e devem ser adotadas, como mexer no regime do compulsório. O Brasil tem um compulsório extremamente rigoroso, com nível de recolhimento muito alto", disse
Ao comentar que o Banco Central já tomou essa medida na semana passada, Monteiro Neto disse que esse é um instrumento que o governo terá sempre em mãos para aumentar o volume de recursos disponíveis no mercado. Segundo ele, as empresas já estão reclamando de uma certa retração no crédito. "Os spreads (diferença entre taxa de captação e de empréstimo) estão mais altos e os juros mais elevados", disse o dirigente após participar da cerimônia de entrega da Medalha do Conhecimento 2008, na sede da CNI em Brasília
O presidente da CNI disse que não está havendo um estrangulamento do acesso dos canais de crédito, mas uma retração da oferta de dinheiro. Segundo ele, em razão desse cenário mais adverso, o Brasil deverá crescer menos em 2009. "Este ano o crescimento já está contratado e deverá ficar mesmo na casa dos 5%. Mas, deverá haver uma desaceleração para o ano que vem", afirmou
Redução do PIB
De acordo com Monteiro Neto, a CNI já previa, antes mesmo do pico da crise, atingido ontem com a rejeição do pacote pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, uma expansão do PIB de 3,5% em 2009. Esse crescimento pode ser ainda menor, na sua avaliação, mas ele evitou fazer uma nova projeção. "Não podemos ser alarmistas. Mas, também não podemos achar que o Brasil é imune ou que tem uma blindagem absoluta", afirmou
O presidente da CNI disse que o país precisa aproveitar momentos de crise como este para fazer sua lição de casa. "Temos que retomar as reformas para colocar o Brasil em uma condição melhor no futuro". Segundo ele, em fases em que há fortes crescimentos da economia, o governo acaba perdendo o impulso para fazer essas reformas