postado em 30/09/2008 19:51
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a destacar sua preocupação com a falta de crédito no Brasil como um dos possíveis reflexos da crise econômica dos Estados Unidos. A declaração foi feita nesta terça-feira (30/09), em Manaus (AM), onde Lula reuniu-se com os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, do Equador, Rafael Correa, e da Bolívia, Evo Morales.
Apesar de revelar preocupação, Lula garantiu que não existe um "gabinete de crise" (grupo ministerial formado para tratar do assunto no Brasil), mas declarou que tem se reunido sistematicamente com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, para tratar da política econômica nacional.
"Até o momento, não tivemos problemas com a crise financeira dos Estados Unidos. O que pode acontecer com alguns países, não só com o Brasil, é que a crise gere problemas de crédito. Mas tenho me reunido sistematicamente com ministros e com o presidente do Banco Central. Em se tratando de política econômica, o trabalho deve ser feito com tranqüilidade e transparência", afirmou.
Na última sexta-feira, o Banco Central informou que o crédito continuou em expansão no Brasil no mês de setembro, mas com recursos captados no mercado interno.
Depois da reunião, Lula e Chávez participaram de uma reunião bilateral ampliada para assinatura de diversos acordos envolvendo os dois países. Entre eles, estão termos de cooperação técnica para implementação de programas de agricultura familiar e cooperação industrial no Brasil e na Venezuela.
De acordo com Lula, os acordos firmados mudarão a história econômica da Venezuela. O presidente brasileiro também afirmou que as relações bilaterais entre os dois países estão melhorando e que o papel do Brasil é contribuir para que os países vizinhos cresçam juntos.
"É uma obrigação do Brasil ser solidário com a economia dos países vizinhos no continente sul-americano. Certamente, a atual crise econômica dos Estados Unidos é uma das maiores dos últimos tempos. A diferença é que, desta vez, os Estados Unidos estão na crise e nós estamos sólidos e precavidos. O Brasil fez as lições de casa e eles não fizeram", disse o presidente.
O presidente venezuelano também se mostrou preocupado com possíveis reflexos da crise econômica norte-americana, mas fez questão de ressaltar que nenhum país pode dizer que não será afetado pela crise. Na opinião de Chávez, é preciso garantir mais integração entre os países latino-americanos para fortalecer as economias dessas nações.
"A crise é muito séria e não sabemos o seu tamanho. Ninguém sabe até onde vai chegar este crash. Eu sou um dos que crêem que o crash do neoliberalismo vai ser pior do que o de 1929 e vai afetar o mundo inteiro. Nenhum país pode dizer que não será afetado", avaliou Chávez.