Economia

Exportações brasileiras estão ameaçadas

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postado em 01/10/2008 08:51
O governo está aflito. Ainda que preliminares, chegaram aos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento informações de que compradores de produtos brasileiros no exterior já estariam adiando operações por total falta de crédito. Esse adiamento está atingindo, principalmente, setores que produzem mercadorias de maior valor agregado, como carros e aviões. ;Temos indicações não confirmadas de que alguns clientes da Embraer teriam adiado contratos por dois ou três anos, porque ficaram sem os financiamentos prometidos;, disse ao Correio um técnico do governo. O medo é de que, com a onda de quebradeira de bancos nos Estados Unidos e na Europa, por causa do estouro da bolha imobiliária americana, as linhas de crédito de médio e longo prazos, que sumiram do mercado, permaneçam escassas por mais de seis meses, o que prejudicará, de forma substancial, o saldo da balança comercial brasileira e o fluxo de dólares para o país. ;Sinceramente, neste momento, estamos mais preocupados com o fato de os consumidores dos nossos produtos estarem sem crédito do que com a escassez de linhas internas;, ressaltou um assessor da Fazenda. ;Nos Estados Unidos, para onde segue parte importante das nossas exportações, ninguém consegue financiamento, porque a desconfiança é geral;, destacou. ;E não podemos prescindir desse mercado.; O real impacto desse quadro ficará, no entanto, explícito ao longo de 2009 e tenderá a desacelerar ainda mais a economia do país. ;A situação só tende a piorar. Há uma combinação perversa de secura nos créditos externos com escassez e encarecimento das linhas domésticas;, disse Roberto Segatto, presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (Abracex). ;Quanto mais incertezas cercarem a crise internacional, maior será a dificuldade para se levantar dinheiro;, avisou, ressaltando que o volume exportado continua estável, porque a maioria dos contratos foi fechada bem antes das turbulências atuais que varrem o mundo. ;O problema é daqui por diante;, frisou. Para que a situação não fuja do controle, os exportadores estão contando com uma maior participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil no fornecimento de crédito para o comércio exterior. O presidente Lula, por sinal, já deu seu aval para que as instituições federais abram os cofres e não deixem faltar dinheiro para as exportações e para a produção. A forma como os bancos vão fazer isso, no entanto, ainda não foi definida. ;Serão medidas emergenciais, para que o comércio exterior continue funcionando normalmente;, disse o assessor da Fazenda, lembrando que o Banco Central já ofertou US$ 1 bilhão ao mercado por meio de dois leilões. Na avaliação de José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), ;está todo mundo se testando. Todos estão querendo entender a crise e seus horizontes;. Segundo o executivo, o prolongamento do estresse mundial poderá contribuir (a médio prazo) para que os preços das commodities caiam e para que os volumes exportados recuem. Além disso, os países ricos comprarão menos produtos manufaturados e os emergentes terão suas receitas exportadoras reduzidas. Por fim, as taxas dos empréstimos subirão e os prazos de pagamento ficarão menores. Leia mais sobre crise internacional na edição impressa do Correio Braziliense

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