Economia

Europeus do G-8 se reunirão em Paris para debater crise

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postado em 01/10/2008 16:32
A reunião dos quatro países da Europa Ocidental que integram o G-8 acontecerá no próximo sábado, em Paris, informou o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker. Uma das questões que a serem discutidas no encontro de sábado é se a Europa deve preparar um plano de resgate como o elaborado e atualmente em discussão nos Estados Unidos. "Teremos uma reunião preparatória para o G-8 ampliado, sábado, em Paris", explicou Juncker, que saudou a iniciativa do presidente francês, Nicolas Sarkozy, para elaborar respostas à atual crise financeira mundial. Sarkozy também propôs que se realize uma reunião de cúpula internacional, nas próximas semanas, para fundar as bases de um novo sistema financeiro mundial. O encontro de sábado reunirá os governantes de Alemanha, França, Grã-Bretanha e Itália, além do presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, Juncker e o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet. Juncker disse ainda que os países do G-8 - integrado também por Estados Unidos, Canadá, Japão e Rússia - "não estão em condições de resolver por si próprios os problemas financeiros mundiais" e que é necessário ter outros países, entre os quais citou Índia e China, nas próximas reuniões. A discussão sobre a elaboração de um pacote de resgate financeiro semelhante ao dos Estados Unidos deve esquentar as discussões. Josef Ackermann, presidente do Deutsche Bank, o maior banco da Alemanha, defende a idéia de que os governos europeus devem preparar um plano de resgate de seu setor bancário que possa ser utilizado em caso de emergência. 'Soluções similares' "Se os Estados Unidos aprovarem um plano de resgate, a Europa também deve estar disposta a proporcionar soluções similares", declarou Ackermann. Os bancos e os governos devem dar uma resposta aos riscos sistêmicos dos mercados financeiros, insistiu, recordando a importância de estabilizar os mercados e fazer com que a confiança retorne. Mas Juncker insiste que a Europa não precisa de um plano de resgate como o americano porque seu sistema bancário não está no mesmo "estado dramático". Nesta quarta-feira, uma fonte européia afirmou que França propôs criar um pacote de resgate de 300 bilhões de euros (US$ 420 bilhões) para ajudar os bancos europeus, notícia que foi negada taxativamente por assessores da ministra francesa da Economia, Christine Lagarde. Um porta-voz do Ministério alemão das Finanças também rejeitou firmemente a idéia. "A Alemanha não vê com bons olhos um plano desse tipo", afirmou a fonte. A proposta, segundo a fonte européia, seria apresentada na reunião de sábado. Medidas Nesse meio tempo, a União Européia (UE) anunciou medidas para reforçar a vigilância dos bancos e controlar melhor os riscos que assumem, em meio à crise financeira mundial que forçou o resgate estatal de vários estabelecimentos bancários em dificuldades. Entre as regras propostas por Bruxelas estão "limitar os empréstimos que um banco pode conceder" e "permitir às autoridades nacionais controlar a vigilância das atividades dos grupos bancários multinacionais". Essas iniciativas, que devem ser aprovadas pelos 27 membros da UE e pelo Europarlamento, revisam uma legislação bancária européia relativa aos "fundos próprios regulatórios". O texto tem por objetivo garantir a solidez financeira dos bancos e as empresas de investimento, exigindo que disponham de uma quantia determinada de recursos financeiros próprios para cobrir os riscos assumidos. Quanto aos empréstimos, a Comissão propõe harmonizar os diversos montantes dos limites atuais dos 27 membros da UE, incluindo o setor do mercado intercambial. Com relação ao controle dos bancos com atividades em vários países, Bruxelas impulsiona a criação de "colégios" que reúnam os supervisores nacionais envolvidos. Essas propostas foram lançadas simultaneamente à entrevista à imprensa de Durão Barroso, na qual pediu cooperação mais estreita aos governos europeus frente à crise financeira. Depois dos resgates do banco belgo-holandês Fortis, do britânico Bradford & Bingley e do franco-belga Dexia, a saúde das instituições financeiras européias continua preocupante. Itália e França Hoje, o governo italiano anunciou que pretende adotar as medidas necessárias para garantir a estabilidade do sistema bancário, segundo o Ministério de Economia e Finanças. "Com o objetivo de proteger o mercado dos ataques especulativos devido ao clima de incerteza no sistema financeiro internacional, o Ministério de Economia e Finanças e o presidente do Banco Central se comprometem a adotar as medidas necessárias para garantir a estabilidade do sistema bancário", informou a nota. O anúncio foi feito depois que as cotações dos maiores bancos da Itália, UniCredit e Intesa Sanpaolo, foram suspensas nesta quarta-feira por quedas excessivas. O governo francês também procura acalmar os rumores de que seu banco de poupança (Caisse d'Epargne), um dos maiores do tipo no país, estava perigosamente exposto à crise dos "subprime". De acordo com a imprensa francesa, o governo trabalha em um plano de emergência para estimular a economia e apoiar os bancos. Já o Banco Central Europeu (BCE) concedeu créditos a um dia de 50 bilhões de dólares, depois de ofertas das quais, na véspera, teve uma forte demanda, inclusive a uma taxa de 11%.

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