Economia

Até que enfim, Governo brasileiro acorda

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postado em 02/10/2008 08:48
Duas semanas depois do estouro da crise financeira nos Estados Unidos, o governo decidiu ontem traçar estratégias comuns que serão adotadas pelos ministérios de maior peso na Esplanada como forma de enfrentar a turbulência internacional. A ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é blindar setores estratégicos da economia e preservar ao máximo o crédito às empresas, aos exportadores e aos consumidores. A reação tardia veio a partir de uma avaliação feita por ministros da área econômica de que a crise é grave e sua amplitude, imprevisível. No Palácio do Planalto, durante a reunião de coordenação política, Lula ouviu o diagnóstico e ordenou aos seus principais auxiliares atenção total nos próximos dias. ;Cuidem do crédito. O Natal está aí. Precisamos de crédito para as pessoas;, teria dito o presidente, segundo relato do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. O governo estuda soltar medidas pontuais para conter uma eventual contaminação (Leia quadro ao lado). Lula, no entanto, evita classificar tais soluções como um pacote. A estratégia é demonstrar otimismo, ressaltando a solidez das contas públicas, o controle da inflação e a confiabilidade do sistema financeiro nacional. ;Pacote é coisa do milênio passado;, ironizou Bernardo. ;Até agora não aconteceu nada de relevante na economia brasileira. Se acontecer alguma coisa, a função do governo é minimizar os efeitos. Se houver necessidade vamos tomar medidas;, completou o ministro. A determinação geral é passar a imagem de que, apesar de séria, a crise americana não atingirá o Brasil de maneira brusca. Mesmo admitindo um crescimento econômico em 2009 menor do que o previsto ; as apostas do Banco Central agora flutuam entre 3% e 4% ;, o governo avalia que a situação econômica é confortável. ;Setembro foi o pior mês e não mexemos em um tostão das reservas internacionais. O Brasil está no grupo de países menos atingidos. Vamos continuar trilhando o caminho do crescimento;, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. No encontro de ontem, Lula cobrou vigilância constante dos ministros envolvidos direta ou indiretamente no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As obras previstas ou em andamento, conforme orientação do presidente, devem ser tratadas como prioridade zero. ;Não vai faltar crédito para o PAC nem para os investimentos. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) vai cumprir completamente o cronograma de liberação de R$ 90 bilhões e serão colocados mais recursos no Fundo de Marinha Mercante (FMM) para a construção de navios;, explicou Mantega. O ministro da Fazenda fez coro ao colega Paulo Bernardo e evitou falar em pacote de ajuda a segmentos da economia ameaçados pelo colapso hipotecário americano. ;Tem pacote sim, mas o pacote é nos Estados Unidos. Quem precisa de pacotão são os americanos;, advertiu em tom sarcástico. Mantega admitiu que houve uma retração considerável do fluxo de crédito e destacou que os bancos privados são os agentes que mais sofrem. ;O estresse será superado tão logo o Congresso americano aprove o plano de socorro aos bancos;, justificou o ministro. Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense

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