postado em 03/10/2008 08:32
O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou ontem, ao divulgar um estudo sobre crises financeiras, que a probabilidade de haver desaquecimento econômico pronunciado nos Estados Unidos é alta, mas que a zona euro estaria um pouco protegida de uma queda brutal. O FMI fez uma comparação entre a crise atual e as crises anteriores, ressaltando que os ;períodos de turbulências financeiras caracterizadas por dificuldades no setor bancário são mais suscetíveis de virem acompanhadas de fases de desaquecimento econômico severas e prolongadas;.A instituição multilateral considerou ;particularmente crucial que os poderes públicos adotem medidas enérgicas para favorecer o restabelecimento dos fundos próprios no sistema financeiro;. ;A importância do papel dos intermediários financeiros na transmissão dos choques financeiros para a economia real sugere que as políticas econômicas que ajudam a restaurar os fundos próprios destas instituições, num sistema de estabilização financeira, podem contribuir para atenuar a reviravolta da conjuntura;, segundo o FMI.
Os economistas do Fundo destacaram que ;a reviravolta da conjuntura dos EUA pode ser mais violenta e pode evoluir para uma recessão. A análise para a zona do euro indica um cenário de desaquecimento, mais do que um cenário de recessão;.
Essa diferença se deve principalmente ao comportamento das famílias: os americanos economizam menos que os europeus, segundo o Fundo. ;O tamanho do mercado hipotecário americano, que está no centro da crise, e o papel do investimento sugerem que a economia das famílias e os comportamentos delas de consumo podem desempenhar um papel muito mais importante no desaquecimento atual do que teve no passado;, escreveram seus economistas.
Esse estudo está incluído nos capítulos analíticos das ;Perspectivas econômicas mundiais;, que o FMI divulgará na quarta-feira, pouco antes de sua tradicional reunião de outono em Washington.
Previsão
Nessa ocasião, o FMI provavelmente extrairá suas conclusões sobre a intensificação da crise nos mercados, rebaixando suas previsões de crescimento para o mundo, em particular para os Estados Unidos. Até o fim de agosto, o FMI previa um crescimento nos Estados Unidos de 1,3% em 2008, mas estimava que em 2009 não deveria superar 0,7%. Para a zona do euro, o FMI corrigiu suas previsões para 1,4% em 2008 (contra 1,7% até então) e previa 0,9% para 2009 (contra 1,2% até então).
Dessa maneira, para a zona euro, o vigor relativo dos balanços das famílias coloca a economia do continente ;um pouco ao abrigo de uma desaceleração brutal;. ;A vulnerabilidade da zona euro pode ser também um pouco reduzida pelo fato de que os sistemas financeiros em inúmeros países tendem a ser menos desregulados que nos EUA;, acrescentou o FMI.