As Bolsas européias operam em ligeira alta nesta sexta-feira (03/10). Os investidores, no entanto, ainda não têm uma visão clara de qual será o efeito do pacote do governo americano de ajuda ao setor financeiro, aprovado na quarta-feira pelo Senado e que será votado hoje pela Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados), sobre a economia mundial. Os indicadores econômicos americanos também levatntam suspeitas de uma recessão - o que também afetou as Bolsas asiáticas hoje.
Às 8h02 (em Brasília), a Bolsa de Londres estava em alta de 0,26%, operando com 4.883,17 pontos; a Bolsa de Paris subia 0,14%, indo para 3.968,75 pontos; a Bolsa de Frankfurt estava em alta de 0,49%, indo para 5.688,25 pontos; a Bolsa de Amsterdã tinha alta de 0,61%, indo para 332,84 pontos; a Bolsa de Milão estava em baixa de 0,10%, operando com 19.220 pontos; e a Bolsa de Zurique tinha baixa de 0,20%, indo para 6.717,67 pontos.
O índice MCSI, do Morgan Stanley, registrou queda de 8,9% nesta semana, maior queda desde 21 de setembro de 2001.
A Casa Branca informou ontem que a crise financeira ainda afetará a economia americana no primeiro trimestre do próximo ano. O porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto, afirmou que "ninguém deve subestimar o que essa onda da crise creditícia" fez à economia este ano "e provavelmente fará no primeiro trimestre" de 2009. "Nossa economia é resistente e é claro que nos recuperaremos, mas seguramente vai representar um peso", afirmou.
Na noite de quarta-feira (1;) o Senado aprovou, por 74 votos a 25, uma nova versão do plano de ajuda, ampliando o custo inicial do projeto para US$ 850 bilhões ao incluir um corte de impostos de US$ 150 bilhões para os contribuintes. A previsão é que a Câmara vote o texto hoje. O projeto rejeitado na Câmara na última segunda-feira recebeu várias emendas antes de ser aprovado pelo Senado. Além dos US$ 150 bilhões, foi incluída a ampliação das garantias do governo a depósitos bancários dos cidadãos, dos atuais US$ 100 mil para US$ 250 mil.
Ontem, no entanto, o FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou trechos do estudo "World Economic Outlook", que deve ser divulgado na íntegra no próximo dia 8. No documento, o Fundo informa que a turbulência financeira iniciada no ano passado, causada pelos problemas no segmento de hipotecas "subprime" (de maior risco) nos EUA, se tornou uma "crise intensa" e deve atingir duramente a economia dos EUA, onde ela é mais sentida.
De acordo com a pesquisa, a "reviravolta da conjuntura dos EUA pode ser mais violenta e pode evoluir para uma recessão".
Previsão
Indicadores divulgados ontem nos EUA mostraram que a economia pode não se recuperar apenas com o pacote: o Departamento do Trabalho informou que o número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos EUA aumentou em mil na semana encerrada no dia 27 de setembro, atingindo a marca de 497 mil solicitações iniciais do benefício. Foi a maior taxa desde a semana encerrada em 29 de setembro de 2001.
O número de pessoas recebendo auxílio-desemprego há pelo menos duas semanas ficou em 3,591 milhões, um aumento de 48 mil na semana encerrada no dia 20 de setembro (data da leitura mais disponível). Foi o maior número desde setembro de 2003.
Nada animadores também foram os dados sobre a indústria divulgados hoje: o Departamento do Comércio informou que as encomendas às indústrias americanas tiveram queda de 4% em agosto, após alta de 0,7% em julho. Foi a maior queda desde outubro de 2006, quando houve retração de 4,8%.
Esses sinais foram vistos com pessimismo pelos investidores asiáticos. A Bolsa de Tóquio operou durante todo o dia no vermelho e fechou com queda de 1,94%. A Bolsa de Hong Kong afundou 2,40%; em Sydney (Austrália), os negócios retraíram 1,49%; em Seul (Coréia do Sul), as perdas foram de 1,39%.
Hoje também devem ser divulgados os dados referentes ao mercado de trabalho em setembro nos EUA. A expectativa dos analistas é de que tenham sido eliminados 105 mil postos de trabalho no país, marcando o nono mês consecutivo de fechamento de vagas no país.
A economia européia também é motivo de preocupação. O presidente do BCE (Banco Central Europeu), Jean-Claude Trichet, disse hoje que a zona do euro vive um momento de "crescimento desacelerado e corre um sério risco de que a situação seja ainda pior". Ele insistiu em que o crescimento é "fraco", em entrevista à rádio francesa "Europe 1", e afirmou que "o mundo inteiro está sofrendo neste momento".
Nos mercados europeus, as ações das empresas do setor de commodities caíam, com destaque para as da petrolífera francesa Total (-1,7%). As da anglo-holandesa Royal Dutch Shell caíam 1,2%; e as da Tullow Oil caíam 2,7%.