postado em 03/10/2008 08:46
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, afirmou que um grupo de empresários brasileiros se reunirá nesta sexta-feira (03/10), em Buenos Aires, com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para manifestar preocupação em relação à crise e à falta de crédito.
Ontem, Meirelles se limitou a discursar no lançamento oficial do comércio em moeda local, em que empresas do Brasil e da Argentina poderão usar o real e o peso em suas transações, como alternativa ao dólar. O presidente do BC disse que conversaria com os jornalistas brasileiros na manhã de hoje.
"O início das operações ocorre, por coincidência, num período de forte instabilidade nos mercados financeiros internacionais e de restrição de liquidez às operações comerciais globais", afirmou Meirelles, no seu discurso.
"Inauguramos o sistema num momento em que a cooperação entre bancos centrais se torna fundamental para prover liquidez às transações comerciais quando o sistema financeiro internacional está semiparalisado." O sistema, que começa a funcionar na segunda-feira, é opcional, visa reduzir os custos das operações e deve beneficiar principalmente pequenas e médias empresas. Quando assinou o acordo com a presidente argentina, Cristina Kirchner, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que esse poderia ser o primeiro passo para a integração monetária do Mercosul.
Presente ao ato de lançamento, ontem, Cristina afirmou que o mundo "não é mais o mesmo" de um mês atrás quando esteve com Lula. "Está um pouco mais agitado", ironizou. Pedindo licença aos presidentes dos bancos centrais dos dois países, "que defendem a autonomia", apoiou a interferência do Estado na economia.
"A necessidade de intervenção do Estado já não é um dogma. Significa que o Estado deve cumprir seu papel indelegável." Agilidade.
Skaf elogiou o novo sistema, que deve, segundo ele, "agilizar e baratear" as transações. Apesar de a novidade ainda estar em fase de testes, representantes do Banco Itaú, um dos 14 que devem operar o sistema, estimam que a economia será de 1% a 3% nas transações.
"Vai ficar mais barato porque corta uma etapa, que é a conversão do real para o dólar ou do peso para o dólar. É como se fosse uma venda local", afirmou Fernando Ferrari, diretor do Itaú na Argentina.
O grupo agrícola Grobocopatel, quarto maior exportador de farinha do país, é um dos que pretendem aderir ao novo método. "Compradores brasileiros nos perguntam sobre o comércio em moeda local. Estamos apenas esperando ter acesso à normativa", afirmou à Folha Fábia Pegoraro, responsável pela área de exportações.