postado em 03/10/2008 11:22
As Bolsas americanas operam em alta nesta sexta-feira, com o otimismo dos investidores quanto à aprovação na Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) da proposta de um pacote de ajuda ao setor financeiro e de benefícios fiscais, de US$ 850 bilhões no total. O texto foi aprovado pelo Senado na quarta-feira (1/10), dois dias depois de os deputados terem rejeitado a medida. Mesmo o pior dado sobre o mercado de trabalho em mais de cinco anos, divulgado hoje, não bastou para abalar as expectativas otimistas sobre o pacote.
Às 11h26 (em Brasília), a Nyse (Bolsa de Valores de Nova York, na sigla em inglês) estava em alta de 1,28%, indo para 10.617,21 pontos no índice Dow Jones Industrial Average, enquanto o S 500 subia 1,99%, para 1.136,40 pontos. A Bolsa Nasdaq operava em alta de 2,23%, indo para 2.020,81 pontos.
Na quarta, o Senado aprovou o pacote, com acréscimos, por 74 votos a 25. A queda recorde em pontuação no Dow Jones um dia antes --777,68 pontos-- sensibilizou os senadores, que viram que a salvação do setor financeiro era necessária.
Na Câmara hoje a expectativa também é de aprovação, ainda que por uma margem mais estreita. O pacote que saiu aprovado do Senado agora inclui a ajuda ao setor financeiro proposta pelo governo, de US$ 700 bilhões, e outros US$ 150 bilhões em benefícios fiscais para a classe média, pequenos empresários e famílias atingidas por acidentes naturais, além de um aumento no valor dos depósitos bancários garantidos pelo governo, de US$ 100 mil para US$ 250 mil. Os acréscimos vieram como forma de incentivar republicanos e democratas que disseram "não" à proposta na segunda.
O Departamento do Trabalho apresentou mais dados negativos hoje: a economia americana eliminou 159 mil empregos no país em setembro, pior dado desde março de 2003. A taxa de desemprego, no entanto, ficou no mesmo lugar em relação a agosto, 6,1%. Ontem, o departamento informou que o número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos EUA atingiu a marca de 497 mil na semana encerrada no dia 27 de setembro, a maior desde a semana encerrada em 29 de setembro de 2001.
O número de pessoas recebendo auxílio-desemprego há pelo menos duas semanas ficou em 3,591 milhões, um aumento de 48 mil na semana encerrada no dia 20 de setembro (data da leitura mais disponível). Foi o maior número desde setembro de 2003. Números acima de 400 mil nos pedidos do benefício são vistos pelos economistas como sinal de economia à beira da recessão, ou já passando por uma.
Ainda assim, o mercado hoje também teve mais razões para otimismo: o banco Wachovia, quarto maior dos EUA, anunciou nesta sexta-feira a fusão com o Wells Fargo, em uma operação de US$ 15,1 bilhões em troca de ações. A aquisição inclui as operações de varejo do banco --que, segundo anúncio feito na segunda-feira (29), seriam adquiridas pelo Citigroup, com a assistência da FDIC (Corporação Federal de Seguro de Depósito, na sigla em inglês), órgão do governo que garante operações do setor bancário americano.
Na operação com o Citi --que, segundo o diário americano "The New York Times", estaria sendo agora rejeitada--, o Wachovia ficaria apenas com as operações de varejo em corretagem e em negociações de títulos. O Wells Fargo informou que a operação não vai exigir participação da FDIC ou de qualquer outro órgão do governo.
O otimismo de hoje contrasta com o pregão negativo do mercado ontem, com o dado sobre os pedidos de auxílio-desemprego e das encomendas à indústria, que caíram 4% em agosto --maior desde outubro de 2006, quando houve retração de 4,8%--, após alta de 0,7% em julho.
Na quarta-feira (1°), foi anunciado que a atividade manufatureira registrou contração em setembro, segundo o índice ISM (Instituto de Gestão de Oferta, na sigla em inglês). O indicador ficou em 43,5 pontos no mês passado, contra 49,9 em julho. Leituras abaixo de 50 pontos indicam contração da atividade; acima desse patamar, indicam expansão. Abaixo de 41, indicam recessão.