postado em 03/10/2008 13:58
As Bolsas européias fecharam em alta nesta sexta-feira. Os investidores europeus mantiveram o bom humor ao longo do dia à espera de que o pacote de ajuda financeira nos EUA, de US$ 700 bilhões, seja aprovado hoje pela Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados), depois de o Senado ter aprovado a proposta na quarta-feira (1°).
A Bolsa de Londres fechou em alta de 2,26%, indo para 4.980,25 pontos; a Bolsa de Paris subiu 2,96%, para 4.080,75 pontos; a Bolsa de Frankfurt teve ganho de 2,41%, fechando com 5.797,03 pontos; a Bolsa de Amsterdã disparou 3,99%, fechando com 344,02 pontos; a Bolsa de Milão subiu 1,82%, para 19.591 pontos; e a Bolsa de Zurique teve alta de 2,39%, indo para 6.891,89 pontos.
O índice FTSEurofirst 300 --que reúne ações das principais empresas européias-- teve alta de 2,9%, indo para 1.088,65 pontos. Na semana, o indicador teve queda de 1,5%.
As ações que se destacaram hoje foram as do banco BNP Paribas ( 11%), além das do britânico Barclays ( 8,6%) e do Credit Suisse ( 8,3%), refletindo o otimismo com a possibilidade da aprovação do pacote e com o anúncio de que o banco americano Wells Fargo, com sede em San Francisco (costa oeste do país) e considerado uma das instituições bancárias mais resistentes á atual crise financeira, irá adquirir o Wachovia, sem assistência do governo.
O banco Citigroup, no entanto, considerou que o acordo do Wachovia com o Wells Fargo constitui uma "clara ruptura" do acordo de exclusividade para a aquisição das operações bancárias do primeiro. Na segunda-feira (29), o Citi informou que iria adquirir as operações bancárias do Wachovia com a assistência da FDIC (Corporação Federal de Seguro de Depósito, na sigla em inglês), órgão do governo que garante operações do setor bancário americano. O Wachovia ficaria apenas com as operações de varejo em corretagem e em negociações de títulos.
A Câmara rejeitou a proposta na segunda-feira, mas a expectativa é de que os acréscimos feitos ao plano levem à aprovação. Entre os acréscimos está US$ 150 bilhões em isenções e benefícios fiscais para a classe média, pequenos empresários e famílias atingidas por acidentes naturais.
"Vamos dizer que o pacote passe, e essa é uma grande suposição, acho que o mercado de ações vai passar a se concentrar muito mais nos indicadores econômicos e menos no aspecto financeiro", disse o estrategista Franz Wenzel, da AXA Investment Managers, em Paris.
Hoje, o Departamento do Trabalho informou que foram eliminadas 159 mil vagas no país em setembro, marcando o nono mês consecutivo de perda de postos de trabalho no país. Trata-se da maior queda desde março de 2003. A taxa de desemprego, por sua vez, ficou em 6,1%, mesma de agosto.
O número de pessoas desempregadas no país ficou em cerca de 9,5 milhões, praticamente estável em relação a agosto. Nos 12 meses até setembro, o número de desempregados no país cresceu em 2,2 milhões e a taxa de desemprego cresceu em 1,4 ponto percentual. Outros dados sobre a economia americana divulgados nesta semana corroboram para um cenário de recessão. Ontem, o departamento informou que o número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos EUA atingiu a marca de 497 mil na semana encerrada no dia 27 de setembro, a maior desde a semana encerrada em 29 de setembro de 2001.
O número de pessoas recebendo auxílio-desemprego há pelo menos duas semanas ficou em 3,591 milhões, um aumento de 48 mil na semana encerrada no dia 20 de setembro (data da leitura mais disponível). Foi o maior número desde setembro de 2003. Números acima de 400 mil nos pedidos do benefício são vistos pelos economistas como sinal de economia à beira da recessão, ou já passando por uma.
O desempenho da indústria, por sua vez, também foi desanimador: as encomendas às indústrias americanas tiveram queda de 4% em agosto, após alta de 0,7% em julho. Foi a maior queda desde outubro de 2006, quando houve retração de 4,8%.
Na quarta-feira, foi anunciado que a atividade manufatureira registrou contração em setembro, segundo o índice ISM (Instituto de Gestão de Oferta, na sigla em inglês). O indicador ficou em 43,5 pontos no mês passado, contra 49,9 em julho. Leituras abaixo de 50 pontos indicam contração da atividade; acima desse patamar, indicam expansão. Abaixo de 41, indicam recessão.
Já o FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou nesta quinta trechos do estudo "World Economic Outlook", em que informa que a turbulência financeira iniciada no ano passado, causada pelos problemas no segmento de hipotecas "subprime" (de maior risco) nos EUA, se tornou uma "crise intensa" e deve atingir duramente a economia dos EUA, onde ela é mais sentida. De acordo com a pesquisa, a "reviravolta da conjuntura dos EUA pode ser mais violenta e pode evoluir para uma recessão".