Jornal Correio Braziliense

Economia

Cronologia da crise financeira que abalou os mercados do planeta

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Paris - A seguir as principais datas da crise dos créditos hipotecários de risco ("subprime"), que se converteu numa crise financeira planetária e num desafio político para os governos do mundo todo. - Fevereiro de 2007: os créditos hipotecários insolventes nos Estados Unidos se multiplicam e provocam as primeiras concordatas e falências de bancos especializados do setor. - Junho: o banco nova-iorquino Bear Stearns anuncia o colapso de dois de seus fundos especulativos em função dos "subprimes". - Agosto: as bolsas caem diante dos riscos de contágio da crise. Os bancos centrais, entre eles o Federal Reserve americano (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE), intervêm para conceder mais liquidez aos mercados. - 14 de setembro: o Banco da Inglaterra (BoE) salva o Northern Rock, o quinto banco de empréstimos imobiliários na Grã-Bretanha, ameaçado de falência por correntistas que fazem fila em suas agências para retirar seu dinheiro. - Outubro/dezembro: vários grandes bancos anunciam importantes desvalorizações de ativos. - 22 de janeiro de 2008: o Fed baixa reduz sua taxa básica em três quartos de ponto, a 3,50%; a amplitude da redução é excepcional. - 17 de fevereiro: o governo britânico nacionaliza o agonizante Northen Rock. - 11 de março: os bancos centrais conjugam novamente seus esforços para aliviar o mercado de crédito. - 16 de março: o gigante norte-americano JPMorgan compra o banco de investimentos Bear Stearns pela soma irrisória de 236 milhões de dólares, com ajuda do Fed. O preço de compra seria quintuplicado uma semana mais tarde. - Julho-agosto de 2008: o Tesouro americano anuncia um plano de resgate dos grupos de refinanciamento hipotecário Freddie Mac e Fannie Mae e oferece garantias de até 100 bilhões de dólares para as dívida de cada uma dessas instituições. - 15 de setembro: o banco de investimento americano Lehman Brothers se declara em concordata. Seu concorrente Merrill Lynch é vendido de emergência para o Bank of America por 50 bilhões de dólares. Dez bancos internacionais criam um fundo de emergência de 70 bilhões de dólares para atender a suas necessidades mais urgentes. O Fed aceita receber dos bancos os títulos considerados de risco em troca de dinheiro fresco, enquanto outros bancos centrais abrem suas válvulas de crédito. Todas essas medidas não impedem uma forte queda das bolsas mundiais. - 16 de setembro: o Fed e o governo americano nacionalizam de fato o grupo de seguros American International Group (AIG), ameaçado de falência, concedendo-lhe um crédito de 85 bilhões de dólares em troca de 79,9% de seu capital. - 17 de setembro: as bolsas mundiais continuam caindo e o crédito se esgota no sistema financeiro. - 18 de setembro: o banco britânico Lloyd TSB compra seu concorrente HBOS, ameaçado de falência. O Fed eleva o total de suas operações de "swap" com outros bancos centrais a 180 bilhões de dólares. As autoridades americanas anunciam que prepararão um plano para sanear os bancos de seus ativos podres. - 19 de setembro: as bolsas mundiais disparam depois do anúncio do plano de resgate americano. - 21 de setembro: o secretário do Tesouro americano comunica os primeiros detalhes do plano e começam as negociações entre o governo republicano e o Congresso democrata para aprová-lo. - 22 de setembro: o Fed anuncia ter aceitado a proposta que transforma os bancos Goldman Sachs e Morgan Stanley em holdings, que perdem sua condição de banco de investimento e, além de poder atender como banco comercial a correntistas, terão acesso à janela de crédito federal. 23 de setembro: As discussões da Assembléia Geral das Nações Unidas, em Nova York, são dominadas pela crise financeira. Os mercados financeiros ficam mais preocupados com as dúvidas em torno do plano americano. 26 de setembro: as ações do banco belgo-holandês Fortis afundam devido às dúvidas sobre sua dissolução. Nos Estados Unidos, o banco JPMorgan assume o controle de seu concorrente Washington Mutual com a ajuda das autoridades federais. 28 de setembro: Chega-se a um acordo no Congresso americano sobre a votação do plano de salvação do governo. Na Europa, o Fortis foi resgatado pelas autoridades belgas, holandesas e luxemburguesas. Na Grã-Bretanha, o banco Bradford and Bingley é nacionalizado. 29 de setembro: A Câmara dos Representantes americana rejeita o plano de salvação. Wall Street registra forte queda. Anteriormente, as praças européias também haviam desmoronado, enquanto que as taxas interbancárias continuavam a subir, impedindo que os bancos se refinanciassem. Antes da rejeição do plano, o banco americano Citigroup havia anunciado que assumiria o controle de sua concorrente Wachovia com a ajuda das autoridades federais. No Brasil, as operações foram suspensas quando a Bolsa perdia mais de 10%. 30 setembro: É a vez do banco Dexia ser nacionalizado pelas autoridades francesas e belgas. 1o. outubro: o Senado americano adota a segunda versão do pacote econômico, que ainda precisa ser examinado e votado pela Câmara de Representantes. Os quatro países europeus do G7 (Alemanha, França, Grã-Breatnha e Itália) tentam chegar a um acordo sobre os meios para evitar a propagação da crise financeira na Europa. - 3 de outubro: O Wachovia, obrigado pelas autoridades a um casamento forçado com o Citigroup, acaba atraindo o Wells Fargo, que anuncia que comprará todos os ativos do banco por um preço muito superior e sem recorrer aos cofres públicos. A Câmara de Representantes aprova o plano modificado por 263 votos contra 171. Bush imediatamente promulga o projeto, permitindo, assim, que os mercados recuperassem um pouco de ânimo.